A maior explosão estelar já registrada pode
fornecer pistas sobre a formação das galáxias
Leoleli Camargo
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Um grupo de astrônomos americanos, das universidades da Califórnia e do Texas, acredita ter descoberto nos céus um fenômeno característico dos primeiros tempos do universo. Há oito meses eles vêm observando imagens da supernova mais brilhante já registrada pela ciência. As supernovas, em sua forma mais comum, são estrelas gigantes, com massa pelo menos dez vezes superior à do Sol, que se encontram na fase final da vida. Quando se esgotam os elementos químicos que as alimentam, elas explodem, enquanto seu núcleo se transforma numa estrela de nêutrons ou num buraco negro. Ao se extinguir, a estrela que originou a supernova identificada pelos astrônomos, batizada de SN 2006gy, provocou uma explosão 100 vezes mais forte do que as registradas em corpos celestes desse tipo. Provavelmente por causa da violência do impacto, não deixou para trás nem estrela de nêutron nem buraco negro. Estrelas com massa descomunal como a SN 2006gy são raras, mas estima-se que fossem comuns quando o universo tinha menos de 1 bilhão de anos. Hoje tem 13,7 bilhões. Os cientistas avaliam que a explosão da SN 2006gy reproduz a morte das primeiras estrelas que se formaram após o Big Bang, espalhando fragmentos que criaram outras estrelas e os planetas. "Talvez precisemos formular novas teorias sobre como as estrelas com massa muito elevada se extinguem", disse a VEJA o astrônomo Nathan Smith, líder do grupo responsável pela descoberta.
A SN 2006gy foi localizada na constelação de Perseu, a 240 milhões de anos-luz da Terra. Estima-se que sua massa era 150 vezes maior que a do Sol. Ao contrário do que ocorre com as supernovas, que atingem o pico de luminosidade poucas semanas após a explosão e se apagam pouco depois, a SN 2006gy levou setenta dias para atingir seu brilho mais intenso, algo comparável à luz de 50 bilhões de sóis. Por três meses, seu brilho superou em cinco vezes o de qualquer outra supernova já observada até hoje. Quase oito meses depois, a SN 2006gy segue emitindo mais luz do que uma supernova comum em seu pico de luminosidade. Na Via Láctea, onde se encontra o nosso sistema solar, já foi descoberta uma estrela que pode se tornar uma supernova gigante com as mesmas características da SN 2006gy. Batizado de Eta de Carina, o astro fica a 7.500 anos-luz da Terra e tem massa de 100 a 120 vezes maior que a do Sol. Segundo os astrônomos, a Eta de Carina pode explodir a qualquer momento – só não se pode prever quando isso ocorrerá. Por estar dentro da Via Láctea, quando explodir, seu brilho será tão intenso que iluminará a noite na Terra durante vários meses. Será o espetáculo do nascimento do universo.