Ficamos sabendo que o novo presidente francês nomeará ministros pela competência, e não pelo partido deles |
ESTOU escrevendo esta coluna na quinta-feira, depois de ler os jornais, e ainda me espanto de me espantar com as notícias. Vamos a elas.
"Obras do Pan só terminam depois do evento" é uma delas, e o Tribunal de Contas alerta, dizendo que o Rio não está preparado para o início do evento. Esse Pan, que foi orçado em uma quantia e vai custar três ou quatro vezes mais do que o previsto. Boa hora, aliás, para, aproveitando as férias, passar o mês de julho bem longe do Rio, para não ter que sofrer o caos em que vai se transformar a cidade.
Outra notícia: uma grande empreiteira, a Andrade Gutierrez, e um grande banco, o Santander, foram os maiores doadores para a campanha de Lula. A primeira doou R$ 12,47 milhões, e o segundo, R$ 3,2 milhões. Foram os maiores doadores individuais, sendo que a empreiteira tem contratos com o governo para obras nas áreas de energia, rodovia, transporte urbano, portos e aeroportos; doou por ideologia, claro. O banco "cedeu" dois executivos para cargos federais. Um deles, Miguel Jorge, é o novo ministro do Desenvolvimento, e o outro, Mario Torós, foi para uma diretoria do Banco Central. Beleza.
E continua a briga dentro do PMDB pelos cargos do segundo escalão; a grande aposta é se Luiz Paulo Conde vai ou não vai para Furnas, isto é, se ganha a ala de Michel Temer ou a de Renan. Um Fla x Flu político, praticamente.
Enquanto isso a Polícia Federal, que prendeu juízes, bicheiros e políticos, todos no mesmo balaio, anuncia que na segunda fase da operação vai prender ainda mais juízes e mais políticos em vários Estados do país, o que aguardamos com ansiedade.
O aeroporto de São Paulo, que foi refeito há pouco tempo, está com uma pista em obras, mas os partidos do governo tentam de todas as formas derrubar as investigações para apurar as responsabilidades. Quando chove, uma das pistas, mal projetada, inunda, e milhares de passageiros tem que esperar que a chuva passe para poderem viajar. É uma brincadeira.
O Ministério Público denuncia 12 empresários e funcionários públicos por fraudar licitações e desviar dinheiro do Tribunal de Contas, isso três anos após a conclusão da Justiça Federal, e uma gravação flagra juiz oferecendo propina a funcionário do Palácio Guanabara para apressar o pagamento de indenização. A proposta foi de 25% do total.
O jovem e risonho governador do Rio pediu a ajuda do Exército para conter a violência, mas até agora nada mudou na cidade; as balas perdidas continuam ferindo e matando diariamente -aliás, hoje não houve nenhuma; milagre?-, e a Segurança Pública vai receber R$ 1 bilhão para ajudar o problema a ser resolvido. Onde será que vai parar esse bilhão?
Fala sério.
Em algumas favelas do Rio as ruas são cobertas de óleo para que a polícia não possa entrar, e o governador Sergio Cabral assegura: "Vamos combater a criminalidade, vamos continuar a dar tranqüilidade à população que mora nessas comunidades". E as passeatas pela paz, extremamente úteis, continuam acontecendo pela cidade.
Mas na sexta, lendo os jornais, vi que o que foi publicado no dia anterior era quase brincadeira de criança, com a operação navalha: estão presos um ex-governador (o atual, do Maranhão, foi quase), prefeitos, altos funcionários, num total de 46 pessoas. Mas é reconfortante saber que o presidente Lula está se sentindo muito leve. Chegando às páginas do noticiário internacional, ficamos sabendo que o novo presidente da França vai nomear 15 ministros (aqui temos 36, por enquanto), levando em consideração a competência, não os partidos a que pertencem. Será que um dia, será? Acho difícil.