Uma calça colante como meia, que pode dar
em desastre? Claro que as mulheres adoram
Bel Moherdaui
Fumar, beber em excesso, fazer sexo inseguro, escalar montanhas, lançar-se de pára-quedas – a lista dos comportamentos de risco é longa e conhecida. No caso das mulheres, talvez devesse ser acrescentado a ela o uso de legging, aquela peça do vestuário parte calça, parte meia que faz neste inverno sua volta triunfal depois de um breve e pouco memorável apogeu na década de 80. "Você sai na rua e só vê mulher de legging", constata a estilista Mara Mac Dowell, do Rio de Janeiro, que seguiu a onda geral e incluiu o modelo na coleção de inverno da sua marca, Mara Mac. As vantagens da calça colante são evidentes: ela está na moda, é prática e muito confortável, combina com botas ou sapatos leves, protege as pernas quando vestidos curtos não dão conta da temperatura ou da decência. Infelizmente, o uso de alto risco pode superá-las, especialmente nos casos em que as leggings, em vez de disfarçar imperfeições, as acentuam, com especial crueldade no caso de pernas e quadris avantajados. "É uma roupa sexy, que a brasileira adotou com gosto. Mas é preciso usar com consciência e respeito", diz Mara.
Fotos Otavio Dias de Oliveira |
ASSIM, NÃO |
Como no caso dos comportamentos de risco mais convencionais, o uso de legging pode ser viciante. Prova disso é a freqüência com que tem aparecido no guarda-roupa da atriz americana Sienna Miller, considerada uma lançadora de tendências em escala global. Como tem corpo de celebridade que vive da aparência, e não corpo de mulher normal, Sienna sempre fica bem, seja em momento esporte (com vestido soltinho e sandália rasteira), social (de corselete e salto agulha) ou de gala (com top dourado e bolero). A origem da calça grudada como segunda pele está na Idade Média, quando fazia parte do vestuário masculino, acompanhada de sapatos de saltinho e casacos curtos e volumosos. Repetir a experiência medieval é bobagem na certa: de forma geral, quanto mais comprida a parte de cima, menos risco há de a parte de baixo dar errado. Além disso, quanto mais curta a blusa, maior a probabilidade de que a calça colante evoque o ambiente de academia, o que é impróprio para quem não está suando nos aparelhos. "Em São Paulo tem muito disso: a mulher vai dar uma corridinha e fica o dia inteiro com roupa de ginástica e tênis. É o exagero da informalidade", fulmina o editor de moda Giovanni Frasson.
"Não cobrir o bumbum é vulgar. Quando for escolher o top, imagine que, da cintura para baixo, está usando lingerie", aconselha a consultora de moda e estilo Helena Montanarini. Outro mandamento: "Legging branco, colorido e estampado é só para quem sabe combinar muito bem o visual e domina o código da moda. Para não errar, melhor o preto". Se o vestido ou bata for de tecido muito leve, de cor reveladora, os especialistas recomendam atenção redobrada, uma vez que detalhes salientes da anatomia que se pretendia esconder poderão saltar à vista mais ainda envoltos em malha colante. Nos pés, a combinação mais adequada é a sapatilha baixa. Sapatos de salto fino, botinhas curtas e as sandálias altas com plataforma na frente que estão por toda parte (meia-pata é o nome assustador delas) requerem mais cuidado na composição. Na dúvida, é bom lembrar que os homens em geral acham estranha essa peça e preferem os vestidos acompanhados de seu complemento mais natural – pernas de fora.