Não me esqueço do grande intelectual Fernando Henrique Cardoso, no passado. |
ALGUMAS NOHTAS FISCAIS
Humor? Caras de bom senso, bons pais de família, respeitadores de todos os princípios, obrigados por assaltante a tirar a roupa e ficar nus dentro do ônibus.
Isso é humor. Em qualquer país, negro. Aqui, normal.
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Por que a sociedade obriga o comparecimento de um juiz em todo casamento? É por saber que, mais cedo ou mais tarde, aquilo vai dar em encrenca.
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Só conheço uma verdade: mentimos sem parar.
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Bons tempos os do triângulo amoroso. O mínimo, hoje, em matéria de prevaricação, é um decálogo, mais conhecido como suruba.
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Um recém-nascido é a prova de que, apesar de tudo isso que vocês fazem com ela, a natureza ainda não desistiu do ser humano.
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As lições de economia entram por um bolso e saem pelo outro.
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Entreouvido no Hospício: "Meu filho está cada dia pior, coitado. Antes achava que era Napoleão. Agora pensa que é o Lula".
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Vocês podem não concordar, mas acho que o Lula fala quase tanta besteira quanto o Fernando Henrique. Só que este não apenas fala, escreve-AS. O que é Cultura, senão a ampliação da nossa ignorância? Exemplo: você pega, como eu peguei, O Universo numa Casca de Noz, do gênio Stephen Hawking (astrofísica, evolução estelar, cosmologia matemática, buracos negros, big bangs, espaço-tempo, bota aí), e lê, com calma e reflexão, 10 páginas por dia. Quando acaba você verifica que ampliou em 10% o seu conhecimento sobre tudo isso. E ampliou em 90% a sua ignorância sobre tudo isso. Isso é cultura.
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Antes que eu me esqueça. O Universo numa Casca de Noz deve ser consultado imediatamente por designers. A facilidade e a riqueza de recursos dos programas de computação fizeram com que, sem maior talento gráfico, qualquer idiota se considere um gênio. E mesmo os não idiotas acabam ficando idiotas. O Universo numa Casca de Noz é uma extraordinária lição de design.
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Bem, a cultura não serve de nada a não ser que você aprenda a tirar partido a cada passo dela no dia-a-dia. Por exemplo, eu, à tarde, quando volto pro meu estúdio, em meio às árvores, passo sempre pelo edifício Pablo Picasso, grudado ao edifício Marcel Proust, logo o edifício Sigaud, em frente do edifício Jacques Cousteau.
Acontece que eu sei quem (mal, mas sei) foi Sigaud, eu sei, como você todos sabem, quem foi Cousteau, o mergulhador de Deus, sobre quem eu li enorme artigo na The Paris Review, mostrando o ditador que era quando fazia suas pesquisas no fundo do mar.
Também conheço Proust, aliás, de trás pra frente – em português, francês e inglês. Sem falar que quem nunca leu o livro de George Painter sobre Proust nunca leu uma biografia de verdade.
E também conheço muito bem Pablo Picasso, a prova de que não se pode julgar um artista pelo caráter. E que, natimorto, foi salvo por um tio, espanhol meio maluco que, vendo o nascituro desenganado pelos médicos, puxou fundo a fumaça do charuto que fumava e meteu toda a fumaça boca do feto adentro. Salvou-o. Vá você ser contra o fumo!
Essa história está na biografia escrita por Norman Mailer – que eu também sei quem é.
Perguntem ao Lula.
Se ele não souber, perguntem ao Fernando Henrique.