BRASÍLIA - Lula foi reeleito em 29 de outubro do ano passado. Mais de quatro meses e meio depois, está apenas finalizando sua reforma ministerial. Deve concluí-la antes do feriado de Páscoa.
Nesse período, o petista aproveitou para demonstrar desprezo por muitos partidos da coalizão governista. Eis uma breve lista: 1) PT - Marta Suplicy foi fritada em público. Deve ficar com uma pasta de segunda linha, o Turismo.
Nenhum petista foi escolhido para cargos de liderança no Congresso nem para a articulação política dentro do Planalto;
2) PMDB do Senado - Renan Calheiros foi humilhado. Lula não o atendeu por telefone. O Planalto destruiu a pretensão de Nelson Jobim de comandar a legenda;
3) PMDB da Câmara - pensa ter recebido dois ministérios. Só um está confirmado, e veio pela cota do governador da Bahia, Jaques Wagner -como recompensa ao aliado local, Geddel Vieira Lima. A outra pasta ainda é uma incógnita;
4) PSB e Ciro Gomes - ficaram à míngua. Lula queria Ciro ministro. Ciro não quis. O PSB perdeu a Integração Nacional. Essa desenvoltura de Lula é incomum para presidentes em segundo mandato. Em geral, depois da reeleição, os políticos se fragilizam. Param de exalar perspectiva de poder.
Com o petista ocorre o oposto: parece hoje mais à vontade e forte do que em 2003, quando tomou posse pela primeira vez.
Há duas possíveis razões para esse fato. A primeira e mais óbvia é o estado da economia. Se os PIBs de Lula e FHC apenas se equiparam, é nítido o aquecimento atual na comparação com anos recentes.
A segunda explicação é a incapacidade de articulação da oposição. A esse respeito, Lula pode afirmar com toda a segurança: "Nunca neste país a oposição foi tão fraca".
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