Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, março 13, 2007

Eliane Cantanhede - Apressado come cru




Folha de S. Paulo
13/3/2007

No fim da ditadura militar, havia quem apostasse que Aureliano Chaves seria presidente, mas ele jamais foi. Aliás, está sendo mais lembrado pelo Pró-Álcool do que pelas ousadias como vice do general Figueiredo.
Também havia quem achasse óbvio que Ulysses Guimarães seria presidente ou, caso contrário, daria Orestes Quércia. Candidatos pelo maior partido, o PMDB, os dois passaram vexame e nunca mais se falou nisso. Depois consumiu-se muito papel com a virtual eleição de Luís Eduardo Magalhães, sem considerar a hipótese de que ele morreria aos 43 anos. E as candidaturas Dirceu e Palocci morreram antes de nascer.
Na contramão, quem poderia imaginar que Tancredo não assumiria e Sarney seria presidente do Brasil? E quem poderia prever que Collor subiria a rampa? Ou que o professor FHC, com votos inversamente proporcionais ao seu prestígio político e intelectual, pudesse ser eleito e reeleito?
Mesmo Lula, o grande líder sindical da história brasileira, amargou três derrotas até ser eleito. E Serra já passou por duas, como candidato e como pré-candidato (em 2006).
É prematura, assim, a discussão sobre a sucessão de 2010. No PSDB, Serra e Aécio fazem contorcionismos para manter relações elegantes. No PMDB, Michel Temer arranca sorrisos ao pregar "candidatura própria". No PT, as várias cúpulas estão à beira de um ataque de nervos com a picardia de Lula, que há meses testa diariamente a paciência de Marta Suplicy e de seus aliados. Na barafunda, fala-se até na re-reeleição de Lula, num bolivarianismo chavista à la brasileira.
Com esses partidos, essas candidaturas e esse presidente, antecipar a campanha sucessória em quatro anos oscila entre o ridículo e o perigoso. Até 2010, muita água, muitas cabeças e muitos sonhos vão rolar.
Principalmente sobre os escombros partidários.

elianec@uol.com.br

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