Entrevista:O Estado inteligente

domingo, março 18, 2007

ELIANE CANTANHÊDE "Xô CPMF"

BRASÍLIA - Com o resto, se pode brincar à vontade, distribuir entre os aliados, nomear gente esquisita, fazer o que quiser. Mas, como disse Lula, em bom e alto som, "com saúde e educação a gente não brinca".
Não se deveria, então, brincar com a CPMF, criada e digerida originalmente pela sociedade como uma boa forma de fazer os que mais movimentam dinheiro também financiarem mais a saúde.
Foi sob esse pretexto que o governo Itamar criou um "imposto provisório" sobre transações financeiras em 1993, e o governo FHC o transformou em "contribuição" em 1996. Ela foi ficando, ficando e ficou. Dupla jabuticaba: invenção do Brasil, "provisória" à brasileira.
Na verdade e na prática, a CPMF garfa 0,38% das nossas transações bancárias para que o governo devore, só neste ano, R$ 35 bilhões. Não exatamente para aplicar em saúde, mas para equilibrar suas contas e, de quebra, fiscalizar a sonegação.
Desde 1996, a arrecadação da CPMF já soma uns R$ 250 bi. Não é pouco nem em países ricos, mas a saúde não está uma maravilha. Ou está? Cadê os hospitais, os equipamentos, os medicamentos, os médicos bem tratados e tratando bem?
Nem FHC quis nem Lula quer largar esse osso, que acaba sendo um imposto a mais num país que já tem uma carga tributária pornográfica. Mas, agora, o PFL (novo Partido Democrata), que votou a favor como governo e quer derrubar como oposição, está lançando o movimento "Xô CPMF" de fora para dentro do Congresso. A partir das indústrias, dos trabalhadores, de órgãos de direitos do consumidor até o voto dos partidos.
A guerra é boa e está começando cedo, pois a CPMF só vence em 31 de dezembro. A infantaria oposicionista já criou site na internet (www.xocpmf.com.br) e tem tudo para atrair a simpatia da mídia e da população. Mesmo com o reforço do PMDB, o exército governista vai ter muito trabalho.

elianec@uol.com.br

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