BRASÍLIA - Lula agora vai no dia 31 aos EUA e nos dias 16 e 17 de abril à Venezuela, bem ao estilo "uma no cravo, outra na ferradura". Melhor: bem ao estilo do próprio Lula.
Em Washington, a intenção é aprofundar as conversas sobre projetos ambiciosos do álcool combustível, sobre o fecho da Rodada Doha da OMC (Organização Mundial de Comércio) e sobre a intensificação de compras e vendas com o maior mercado do mundo. Ou seja: avançar nos temas e nos acertos de São Paulo na última sexta-feira.
Em Isla Margarita, bela praia venezuelana, Lula vai discutir exatamente a questão de "energia" com os parceiros da Comunidade Sul-Americana de Nações, simpaticamente chamada de "Casa".
O anfitrião Chávez vai entrar na reunião com o petróleo -que faz jorrar dólares, mas é cada vez mais vilão. E Lula vai ostentar o memorando de entendimento que fechou na sexta com Bush sobre biocombustível -que faz jorrar esperanças e é o mocinho da vez.
Lula, assim, aprofunda as relações com os Estados Unidos, reforça seus laços com os vizinhos mais ou menos pobres e aproveita bem os temas e os fóruns internacionais nos quais o Brasil costuma brilhar: os de meio ambiente, de fontes alternativas de energia e de comércio agrícola global.
Aí, aliás, é importante perceber uma dica de Lula nas declarações e entrevistas de sexta-feira: ele deixou claro que, para fechar os acordos da OMC, é preciso que não só os ricos (EUA e Europa) cedam, mas que os pobres (e aliados no G-2) também o façam. Como a gente ia dizendo, "uma no cravo e outra na ferradura".
E com o vento a favor: Bush precisa de parceiros confiáveis na América Latina, além da Colômbia, o mais fiel; e Chávez só pode falar em "aliança bolivariana" no continente com o Brasil dentro. Lula é o próprio "Ponto G". O ponto de equilíbrio.
Entrevista:O Estado inteligente
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