Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, março 16, 2007

Clóvis Rossi - Educação, sábios e gente comum




Folha de S. Paulo
16/3/2007

É devagar nosso querido presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Precisou de 50 meses e meio de governo para descobrir o escandalosamente óbvio, ou seja, que o sistema educacional brasileiro está "entre os piores do mundo", conforme afirmou ontem.
Menos mal que, desta vez, o presidente não usou a sua já cansativa muleta verbal, a de dizer que "nunca neste país a educação esteve tão bem". Enquanto era oposição, Lula ainda podia apontar o dedo acusador para todos os presidentes anteriores. Agora, é cúmplice do fato de a educação brasileira estar entre as piores do mundo.
É saudável, de todo modo, que o presidente tenha orientado o ministro da Educação, Fernando Haddad, a convidar ex-ministros, como Paulo Renato, Cristovam Buarque e Murilo Hingel, para debater o que chamou de "grande reforma" do setor da educação.
Aproveito então o embalo para repassar sugestão do leitor Hamilton Lima Wagner, presidente da Associação Paranaense de Medicina de Família e Comunidade. Para ele, chamar apenas "brilhantes pensadores" para discutir o tema é uma ilusão. O debate (e não só sobre educação mas também sobre saúde e segurança, acrescenta Hamilton), "deve, sim, ter a academia, mas majoritariamente deve ter pessoas comuns sendo ouvidas e avaliadas, sem as distorções que permeiam a maioria das avaliações".
O médico paranaense critica, com razão, "a falácia de muitos analistas, que fazem perguntas tendenciosas para corroborar as suas idéias, o que leva a crises sociais como as que agora atravessamos no Brasil -sem ética, sem cidadania, sem respeito social".
Parece sensato, levando em conta que os doutores que até agora responderam pela educação brasileira só contribuíram para torná-la uma das piores do mundo, na avaliação de quem é hoje, como presidente, o supremo responsável.

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