Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Somos todos americanos - Plínio Fraga



Folha de S. Paulo
15/2/2007

Os Estados Unidos da América se apropriaram do nome de todo o continente. Jean-Luc Godard refere-se à terra dos norte-americanos como aquele imenso país sem nome. Somos todos americanos.
O Rio sedia, a partir de 13 de julho, os Jogos Pan-Americanos, com representantes de todos os 42 países do continente. O Pan não se caracteriza pela excelência de índices atléticos, mas é uma idéia simpática para mostrar que, do estreito de Bering (no norte) a Ushuaia (no sul), encomprida-se a América.
Se o Rio ainda não está alerta para a enxurrada que receberá em julho, quando 5.500 atletas estarão pela cidade disputando 330 competições em 16 dias, é aceitável que o resto do país não tenha demonstrado interesse pelos Jogos até aqui.
É um acontecimento que envolve mais de 46 mil pessoas trabalhando diretamente para o Pan. O comitê organizador diz que seus gastos com a realização da competição atingem R$ 691 milhões. Projeta receitas de R$ 120 milhões. Ou seja, R$ 571 milhões são o déficit da realização dos jogos, haverá quem diga. Mas o comitê chama de investimento, já que inclui gastos com equipamentos que serão heranças do Pan para o esporte.
Essa conta não inclui recursos de obras de infra-estrutura, como os R$ 12 milhões da construção de um velódromo, o primeiro do país. Pode se transformar num elefante branco ou pode ser um estímulo a um esporte de apelo restrito.
O legado do Pan ao Rio -extensão do metrô, vias expressas, reformas urbanas- não saiu do papel. Mais do que segurança, o que pode dar problema é o sistema de transporte, já cotidianamente saturado. O torcedor pode ser obrigado a levar na esportiva 15 dias sob caos ao ir e vir pela cidade, quando o poder público lhe dirá que é apenas um rapaz latino-americano

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