Entrevista:O Estado inteligente

domingo, fevereiro 11, 2007

CLÓVIS ROSSI Um PAC com a grife Harvard


SÃO PAULO - Lawrence Summers, secretário do Tesouro em parte dos dourados anos Clinton e que foi presidente da mitológica Universidade Harvard até julho, está descobrindo o que alguns jurássicos da contracorrente dizíamos já faz algum tempo.
Summers, enquanto estava no governo e os Estados Unidos nadavam em um ciclo sem precedentes de prosperidade, tinha a tese, não de todo despropositada, de que, quando a maré sobe, "todos os barcos sobem juntos".
Agora, "só os iates" o fazem, conforme texto publicado pelo jornal francês "Le Monde". "Iates", no caso, é sinônimo do que Elio Gaspari chama de "andar de cima".
As características do fenômeno são mais ou menos conhecidas: os salários dos menos qualificados caem, a classe média fica estagnada, aumenta a desigualdade. "Essa evolução é o problema mais grave dos países desenvolvidos", acha Summers agora.
Como o Brasil tem um problema ainda mais agudo e muito mais antigo de desigualdade, conviria anotar as sugestões de Summers para enfrentar o problema.
Afinal, muito dificilmente se irá encontrar uma personalidade que seja mais a cara e o espírito do establishment norte-americano e global do que ele. Não pode ser acusado de esquerdista, populista, "bolivariano", enfim, nenhum dos rótulos hoje usados para fugir do debate desqualificando o debatedor.
São quatro: instaurar ou restaurar taxações progressivas da renda (é difícil, avisa, mas necessário); reduzir o vínculo entre proteção social e emprego, de modo a evitar que quem for demitido perca também o seguro-saúde; um esforço maciço de formação; investir pesadamente em pólos de competitividade e excelência, os "Silicon Valleys do futuro".
Com as inevitáveis adaptações, dá um bom PAC, não?

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