Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

A audaciosa aposta da CNI


editorial
O Estado de S. Paulo
7/2/2007

O resultado da produção industrial de 2006 retirou qualquer esperança de que o PIB do ano passado possa mostrar crescimento muito maior do que o de 2005, embora o desempenho da indústria de transformação - 2,58% de expansão em 2006 - tenha agradado à Confederação Nacional da Indústria (CNI) a ponto de se mostrar bastante otimista com as perspectivas de 2007.

O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) mostrou-se mais comedido na sua análise e mais cauteloso quanto à evolução de 2007. Tudo leva a crer que a CNI fez uma aposta mais firme num crescimento elevado neste ano.

Seu otimismo se baseou no bom movimento das vendas do final do ano passado que sugere uma melhora do poder aquisitivo da população em razão de rendimentos mais altos, crédito mais abundante com custo menor e aumento do emprego. Isso acarretou uma desova dos estoques, enquanto a capacidade de produção aumentava, pronta para atender à demanda sem problemas.

A aposta da CNI é que todos esses fatores continuarão se desenvolvendo neste ano, de um certo modo até com mais intensidade. Os industriais apostam, na verdade, no sucesso do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Esse programa certamente demora para deslanchar, mas já estamos vendo o crescimento da construção civil que tem efeitos multiplicadores sobre diversos setores industriais, além de empregar mais mão-de-obra não especializada. O problema é saber se os outros projetos previstos do programa entrarão em vigor rapidamente, já que a maior parte deles depende de empresas estatais que dispõem de recursos financeiros.

Mesmo assim podemos considerar a aposta da CNI como audaciosa. Um maior e mais durável crescimento depende de investimentos do setor privado que encontra as dificuldades conhecidas, enquanto o governo resiste em reduzir seus gastos correntes e adia as reformas estruturais indispensáveis criando comissões para estudá-las...

O País ainda não está isento de uma fase de deterioração das finanças públicas com graves conseqüências internas e externas. O comércio externo pode passar por um período delicado com redução das exportações de produtos de alto valor adicionado e aumento das importações que ameaçam de fechamento algumas empresas. Finalmente, como o notou o Iedi, só alguns setores se beneficiarão do PAC.

Arquivo do blog