Entrevista:O Estado inteligente

sábado, novembro 18, 2006

CLÓVIS ROSSI Além dos suspeitos de sempre


SÃO PAULO - Não se dirigiu apenas à equipe econômica a queixa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a respeito da falta de propostas concretas para o crescimento econômico, a maior ênfase de seu encontro de anteontem com a cúpula do PT.
Valeu para todas as conversas que o presidente vem tendo, inclusive com empresários. Todas elas ficaram "aquém das expectativas que ele tem", conta um dos participantes do encontro, com o pedido para a reserva do nome.
É uma queixa em parte válida. Digo em parte porque Lula restringiu seu círculo de interlocutores ou à elite que tanto critica ou aos portadores do pensamento convencional. Mesmo o PT é, hoje, elite (e convencional). Perdeu todo o caráter transgressor, para o bem e para o mal. Para o bem, porque evita aventuras. Para o mal, porque acomodou-se à mesmice que tem condenado o país à mediocridade.
Mas parte da queixa tem, sim, validade plena. Não há um projeto consistente de crescimento acelerado em qualquer grupo político, econômico, social, acadêmico, empresarial. Há, sim, projetos isolados, que, por isso mesmo, não conseguem gerar a mobilização necessária para tirá-los dos guetos em que são elaborados.
O país perdeu a manha do crescimento. "Perdeu-se, em última análise, a memória do período em que a economia se expandia a 7% ao ano, com a oferta de cerca de 2,5 milhões de novos postos de trabalho", escreve João Paulo de Almeida Magalhães, presidente do Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro, em trabalho que já mencionei neste espaço.
Se o presidente quer mesmo propostas concretas, que chame Almeida Magalhães e outros economistas dos que não estão permanentemente de plantão para falar à mídia e repetir propostas já conhecidas, as que Lula acha "aquém de suas expectativas". Não dói.


crossi@uol.com.br

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