Entrevista:O Estado inteligente

sábado, setembro 03, 2005

Para Serra, falta rumo ao governo Lula SONIA RACY

O ESTADO DE S PAULO

O prefeito José Serra tem evitado falar mais longamente sobre temas nacionais em público temendo ser mal interpretado. No entanto, instigado ontem durante almoço fechado com um seleto grupo de empresários do Conselho Empresarial da América Latina, no São Paulo Club, Serra se posicionou. No seu ver, a relativa estabilidade econômica não tem força para reverter o quadro de deterioração política que está sendo inflada pela combustão interna no PT e nos partidos aliados. 'Isso mesmo levando em conta a credibilidade dos ministros da Fazenda, Justiça, Desenvolvimento e Agricultura', sentenciou, frisando ser muito difícil saber qual o rumo dessa crise política. 'Quem disser que sabe não está entendendo nada', colocou o prefeito, bastante à vontade em meio aos 30 convidados, entre os quais Olavo Setúbal, Roberto Giannetti da Fonseca, Fernão Bracher, Francisco Mesquita, Ivoncy Iochpe, Manuel Felix Cintra Neto, seus conhecidos de longa data.


Foi no entanto na falta de rumo do governo Lula, 'coisa que o governo FHC nitidamente tinha', que Serra afinou sua pontaria. Para embasar sua fala, lembrou os esforços tucanos rumo à estabilidade da moeda e o programa de privatização no primeiro mandato. E o projeto de responsabilidade fiscal, a criação das agências reguladoras, a proteção social e modernização do aparelho do Estado, durante o segundo. 'O PT, aliás, levou adiante o processo de privatização: acabou foi privatizando o Estado', ironizou, referindo-se ao amplo aparelhamento dos cargos do funcionalismo público pelo PT. A política externa do governo Lula tampouco passou incólume. 'Não tem rumo: o rumo não é o biodiesel, com certeza.' Criticou, como já era esperado, a política monetária e a cambial. Serra afirma que não é contra o sistema de metas de inflação, mas sim contra a maneira como está implantado: é equivocada. 'É só por meio do forte crescimento da economia que vamos ajustar nossas contas.' E, como não podia deixar de ser, atacou mais uma vez a Zona Franca de Manaus e o Mercosul, apontando sua predileção pelo Nafta. So brou só um elogio para o governo Lula, ainda assim meio dúbio: elogiou a equipe fiscal.

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