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"A pesquisa CNI/Ibope divulgada ontem vem se juntar à Datafolha e à CNT/Sensus, duas outras grandes pesquisas nacionais que são regularmente divulgadas. As três pesquisas concordam em pontos básicos, o que revela uma tendência.
Primeiro, as pesquisas apontam para uma queda acentuada na popularidade do presidente Lula, entre dez e 12 pontos percentuais em relação às sondagens anteriores.
É natural. A crise política não dá refresco desde junho e a atuação do presidente Lula na crise tem sido fortemente criticada, em praticamente todas as classes sociais.
Em segundo lugar, as pesquisas apontam um aumento significativo no percentual de pessoas que se declaram informadas a respeito das principais denúncias de corrupção. E quanto mais informadas, mais descontentes com a atuação do presidente e de seu governo.
Em terceiro lugar, as pesquisas mostram a percepção dos entrevistados de que a corrupção aumentou muito durante o governo Lula. Isto significa que os discursos do presidente não vêm gerando o efeito desejado. Segundo a percepção dos entrevistados, é muito palavrório para pouco resultado prático.
Em quarto lugar, as pesquisas mostram que a desaprovação do presidente e de seu governo aumentou muito nas classes C, D e E e nos grupos de entrevistados com baixa escolaridade e baixa renda.
Além disso, os habitantes das periferias das grandes cidades também se incluem no grupo daqueles que experimentam um desencanto crescente.
Tudo isto somado parece querer dizer que não está funcionando satisfatoriamente a estratégia do Palácio do Planalto de ignorar a crise e manter o presidente Lula no palanque, falando preferencialmente para grupos de habitantes do interior ou das periferias, populações despossuídas de tudo e que seriam os clientes preferenciais do Bolsa-Família.
É bastante ilustrativo deste sentimento de insatisfação com o governo Lula a queda da aprovação do presidente na região Nordeste, que apresentava o maior índice de apoio a Lula. No Nordeste a aprovação despencou de 38% em junho para 17% em setembro.
Não admira que o Palácio do Planalto tenha ficado tão preocupado com os números divulgados ontem pela pesquisa CNI/Ibope."
