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"Com os depoimentos na CPI do doleiro Toninho da Barcelona, que deve acontecer hoje, e do banqueiro Daniel Dantas, marcado para amanhã, as investigações podem sair do atoleiro e avançar numa área sobre a qual ainda se sabe muito pouco.
Afinal, quem abastecia as contas bancárias do publicitário Marcos Valério, de onde jorrava aquela cachoeira de dinheiro?
Até agora as investigações chegaram a uma lista de pessoas, na maioria deputados, que sacaram dinheiro das contas de Marcos Valério. Isto significa que já se sabe onde boa parte do dinheiro foi parar.
Mas ainda não se sabe de onde veio essa montanha de dinheiro. Uma coisa é certa: não fica em pé a versão apresentada até agora, de que eram bancos emprestando seu próprio dinheiro, com as garantias mais precárias que se possa imaginar.
Ainda não há nenhuma explicação minimamente convincente a respeito da origem desses recursos. Só se sabe de quem eles não são: não são dos bancos que supostamente os emprestaram.
O mundo das altas finanças é muito misterioso e nunca está longe do poder. A origem do dinheiro que jorrou nas contas do mensalão é vital, porque permitirá conhecer neste caso o ponto de encontro entre os interesses das altas finanças e do poder.
Essa comunhão sempre existiu. Mas nunca houve tamanho amadorismo na administração desses interesses comuns.
O PT acreditava que estava vacinado contra os perigos envolvidos nas relações entre finanças e poder. Afinal, durante mais de 20 anos o partido se dedicou a convencer a sociedade de que era o detentor do monopólio da ética na política.
Protegido por esse escudo, o PT se lançou no mundo das tenebrosas transações. E foi engolido por elas. Tão esperto, que se revelou o mais ingênuo de todos os partidos políticos.
Por isso, é tão importante rastrear o caminho do dinheiro. De onde veio, como foi que entrou nas contas de Marcos Valério e para quem foi finalmente distribuído. Sim, porque não vamos acreditar que foram apenas os 18 do mensalão os únicos beneficiados com esses recursos.
Assim como já apareceram as contas do marqueteiro Duda Mendonça no exterior, é possível que o doleiro Toninho da Barcelona e o banqueiro Daniel Dantas contribuam com seus depoimentos para ajudar a desenhar o caminho das pedras, ou a rota do ouro.
Mas era tanto dinheiro, tanto dinheiro, que periga os dois juntos não darem conta nem da metade."
