Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, setembro 07, 2005

FERNANDO RODRIGUES Economia e política

FOLHA DE S PAULO
BRASÍLIA - Qualquer alfabetizado sabe do envolvimento ou da incúria do presidente Lula sobre PTduto. A popularidade do petista está em queda. Mas a economia é um fator a não ser desprezado.
Ontem, saiu mais uma previsão para o crescimento deste ano. Deve ficar na casa dos 3,5%. É pouco para tirar o país do atoleiro, OK, mas somados aos quase 5% de 2004 é algo acima da média. Se em 2006 o cenário pelo menos se mantiver, vai ter muito jogo na sucessão presidencial. Na hora de contar os votos, a oposição poderá arrepender-se de ter minimizado as conexões do "mensalão" com Lula.
A história recente mostra como a combinação da economia com política é decisiva. José Sarney entrou no buraco quando o PIB cresceu só 0,06% em 1988. No ano seguinte, melhorou. Só que a inflação anual era de 1.635,85%. Deu Fernando Collor.
O reinado collorido terminou em 1992 com impeachment. Todos se lembram. Mas é importante notar que naquele ano ocorreu um encolhimento de 0,54% do PIB. A alta anual dos preços ficou em 1.129,45%.
Itamar Franco fez o Plano Real e o seu sucessor, FHC. O tucano baixou a inflação e reelegeu-se no primeiro turno em 1998.
Em 2002, a história mudou. A economia patinava. A inflação chegou perigosamente perto dos 10% anuais. O eleitor rejeitou José Serra. Apostou em Lula e na mudança (sic).
É cedo para saber o que acontecerá em 2006, mas é certo que algum efeito o crescimento econômico terá sobre o cenário político-eleitoral.
O cenário dourado do Palácio do Planalto é simples. As CPIs morrem até o final deste ano. O Natal trará os números positivos da economia. Em 2006 os juros cairão.
O difícil será dissociar Lula do PT. Para o partido, o crescimento econômico certamente será ineficaz para limpar a lama do "mensalão".

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