Entrevista:O Estado inteligente

sábado, setembro 03, 2005

FERNANDO RODRIGUES 18 cassáveis, 6 cassados

FOLHA DE S PAULO

  BRASÍLIA - O clima era de comoção nacional no final de 1993. Collor havia sido cassado um ano antes. A CPI do Orçamento apurava desvios de recursos públicos. A corrupção era generalizada. Mídia e sociedade pregavam moralização, cassações.
Depois de 94 dias de investigação, a CPI do Orçamento apresentou seu relatório final. Sugeriu a cassação de 18 congressistas (grande coincidência com o momento atual). Eram 16 deputados, um senador e um suplente de deputado. Em 31 de agosto de 1994, quase um ano depois, o último caso foi julgado. Saldo: seis cassados, quatro renúncias e oito absolvidos.
Por mais que alguns dirigentes daquela CPI escrevam artigos e defendam seu trabalho, o resultado ficou aquém do desejável. Documentos sumiram. Notórios ladrões foram poupados. Enfim, o roteiro básico de acordões no Congresso.
Esse histórico manda analisar com prudência a "lista dos 18" elaborada agora, em conjunto, pelas CPIs dos Correios e do Mensalão.
Antes de mais nada, ninguém se engane. Salvo alguma nova prova explosiva, esses 18 deputados são o teto da punição, não o piso. Dificilmente outros serão processados. É só isso aí mesmo. E olhe lá.
Não custa lembrar outra vez a CPI do Orçamento. Além dos 18 para quem sugeriu cassação, aquela comissão recomendou (sic) investigações complementares para 11 congressistas. Deu em nada.
Na atual crise, é curioso como alguns nomes vão sumindo. Tome-se o caso do tal Ronivon Santiago, deputado do PP do Acre. Recebeu R$ 700 mil de José Janene (PP-PR) para pagar um advogado. Dinheiro sujo. Janene está na lista de cassáveis. Ronivon, não. Por quê? Ninguém sabe, ninguém viu. Um escândalo.
Para contrabalançar, é necessário registrar um fato. Se os 18 listados forem cassados, será um recorde. Nunca tantos foram degolados de uma só vez. Infelizmente, para limpar o Congresso, será quase nada.

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