Entrevista:O Estado inteligente

sábado, setembro 03, 2005

CLÓVIS ROSSI De um pântano a outro

FOLHA DE S PAULO

  SÃO PAULO - É verdade que foram colossais as proporções do furacão Katrina, que devastou Nova Orleans. É igualmente verdade que nenhuma cidade pode estar verdadeiramente preparada para desastres naturais desse porte.
Ainda assim, espanta, como diz o jornal "The Miami Herald", que, "em nossa época de alta tecnologia, pessoas morram por falta de recursos vitais como água ou abrigo".
Se os Estados Unidos da América, a única superpotência, a maravilha das maravilhas, o ímã do planeta para os desesperançados na sua própria terra, exibe tais carências na hora da crise, é óbvio que alguma coisa está profundamente errada na aventura humana sobre a Terra.
Por exemplo: quanto tempo mais vai levar para admitir que fenômenos como o Katrina e, há nove meses, o tsunami na Ásia têm que ter alguma relação com mudanças climáticas provocadas pelo homem?
Mais: nem todo o poderio econômico dos Estados Unidos nem todo o brilhante desempenho econômico dos últimos muitos anos foram capazes de blindar os mais pobres, os únicos a rigor que de fato necessitam de blindagem.
Ou, como diz o "US Today" (só estou citando jornais que passam bem longe da esquerda), "aqueles que têm menos bens a perder são os que mais bens perdem".
As imagens deixaram claro que as vítimas são quase todas negras e pobres (palavras que quase sempre são sinônimos), como se a África tivesse sido transplantada para o Alabama.
Ou o Haiti, visto que a carência de coesão social obriga as forças de segurança a ocupar o próprio país manu militari para tentar evitar a pilhagem e os saques.
Há muito, muitíssimo, de admirável nos EUA, mas, como já temos por aqui suficientes carências, crimes e falta de coesão social, não é um modelo a importar "porteira fechada".

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