ELIANE CANTANHÊDE Quanto melhor, pior

FOLHA DE S PAULO
BRASÍLIA - FHC é o líder de todos, José Serra é o que está melhor nas pesquisas, Geraldo Alckmin tem o governo de São Paulo e agrega o partido e os aliados tradicionais, como o PFL. Mas Aécio Neves não quer ser preliminarmente descartado.
Ele é o mais querido e o mais jovem (45), tem a política no sangue, governa um dos três principais Estados e... é a segunda opção de todos os demais. Pela simples razão de que, para os paulistas, qualquer coisa é melhor na Presidência do que outro paulista.
Além disso, Aécio é mais realista do que os companheiros (ou adversários?) ao sul. Enquanto eles consideram Lula carta fora do baralho, Aécio pensa como Sarney, Renan, Temer e os poucos caciques que restam no Congresso: Lula está muito ferido, mas não está morto. E ainda falta mais de um ano para a eleição.
A tucanada imaginava Lula derrotando Alckmin. Agora, acha que qualquer um ganha dele. É mais prudente usar outro verbo: "disputar". Lula nem estava virtualmente eleito nem está virtualmente derrotado.
Quando veio o vendaval das denúncias, Alckmin sentado estava, sentado continuou. Serra saiu em desabalada carreira. Um ficou para trás, o outro atrai antipatia, ciúme e inveja. Enquanto FHC assiste, esperando sobrar para ele, e Aécio se diverte. No caso dele, tudo é mais simples: se colar, colou; se não, ele tem uma reeleição certa para o governo de Minas e muitos anos pela frente.
Aos 63, Serra não tem tantos. Se um tucano ganhar, vai ficar quatro anos, reeleger-se para mais quatro e depois, desgastado, passar a bola para um adversário qualquer -tal como FHC. Não haveria tempo para Serra.
No quesito idade, FHC faz uma continha simples e muito apetitosa para Aécio: como já passou dos 70, não disputaria a reeleição em 2010 e assim deixaria a vez para quem? Para um jovem governador saído de oito anos bem-sucedidos (esperam eles) no mágico Palácio das Mangabeiras.
A agonia do PT são as denúncias. A do PSDB, as ambições.