Entrevista:O Estado inteligente

domingo, setembro 04, 2005

CLÓVIS ROSSI Não viu quem não quis

FOLHA DE S PAULO
 SÃO PAULO - Os petistas, dirigentes e simpatizantes, que se dizem indignados com as práticas da cúpula partidária afastada durante a crise não têm o direito de alegar desconhecimento. A crise de agora foi cantada, com muita antecedência, por intelectuais de esquerda, conforme se verá das reproduções abaixo:
"A política que o governo do PT vem implementando, desde sua primeira hora, é, em parte, expressão de seu transformismo e sua conseqüente adequação à ordem. Mas a intensidade da subordinação ao financismo, ao ideário e à pragmática neoliberais deixaram estupefatos até seus mais ásperos críticos" (Ricardo Antunes, Unicamp, novembro de 2004).
"(O PT), partido político que herdou as tradições mais generosas da esquerda brasileira, preferiu imergir despudoradamente nos jogos do poder, sem preocupação com o preço ético da sua escolha" (Zander Navarro, hoje no exterior, abril de 04).
"O PT e o governo federal não são vítimas inocentes da bandidagem: ao caçar as bruxas "radicais" e ao ampliar o leque de alianças ao ponto de descaracterizar o que é a política, que não é soma, mas divisão, o PT e o governo federal estão criando as condições para que cresçam a chantagem, o jogo sujo e a corrupção" (Francisco de Oliveira, fundador do PT, abril de 2003, premonitório, dois anos antes do "mensalão").
"Ficou muito claro que, ao chegarem ao governo, eles descobriram, deslumbrados, que o mais importante é ficar no governo e secundário o que será feito com o país. (...) Eram pessoas que viviam com uma certa dificuldade e de repente encontram esse universo de ascensão material. A Presidência para o Lula é uma ascensão material. Ele desfruta de recursos e possibilidades materiais muito maiores do que quando estava na oposição" (Fernando Gabeira, agosto de 2004).
Vê-se, pois, que nem todos os intelectuais de esquerda fizeram silêncio. Só calaram os que se demitiram da obrigação de pensar.

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