Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, setembro 22, 2005

ELIANE CANTANHÊDE Golpe das elitezinhas

FOLHA DE S PAULO
 BRASÍLIA - Lula faz escola. Na sua despedida da presidência da Câmara e do mandato, Severino Cavalcanti pegou carona na tese do "golpe das elites". No seu caso, das "elitezinhas" que querem dominar o Congresso.
E essas elitezinhas não perdem tempo. Para fazer cena, vários partidos lançam candidatos à vaga de Severino. Para valer, todos conversam com todos na busca de algo bem difícil: um nome de consenso.
Até agora, leva vantagem a oposição, com sua tentativa de acordo para alçar o vice José Thomaz Nonô a presidente, enquanto o governo vive mais um pesadelo no Congresso.
O PT teve até alguma chance, mas todas as correntes são contra todas as demais e inviabilizam qualquer candidatura. Sem consenso interno, como buscar nas demais bancadas? Já a base aliada (PTB, PP, PL) tem mais o que fazer: tentar salvar o pescoço de de seus líderes, envolvidos até as narinas no esquema Marcos Valério.
O governo, pois, entra na disputa sem candidato, sem partido e sem maioria. Tende a ficar espremido entre Nonô, do PFL, e Michel Temer, do PMDB. "Se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come."
O bicho PFL é o mais virulento opositor de Lula e aliado preferencial do PSDB em 2006. E o PMDB namora com o Planalto, pisca para os tucanos e é uma amante caríssima. Tem toda a linha sucessória da Presidência: o vice, Alencar, está se filiando ao partido, que já tem as presidências do Senado (Renan) e do Supremo (Jobim sempre foi peemedebista antes de vestir a toga). Só falta ao PMDB ganhar a Câmara para ficar mais poderoso do que a oposição e do que o PT e toda a base aliada juntos.
Na sucessão de Severino, o governo é o lado mais fraco, e o PMDB, o mais forte. Nessa batida, governo e oposição tendem a disputar o partido a peso de ouro, de cargos e de promessas. O risco é Lula virar o "candidato do PMDB" em 2006. E o PSDB ter de pagar dobrado pela companhia.

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