Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, setembro 15, 2005

ELIANE CANTANHÊDE "Cheque"-mate

folha de s paulo
 BRASÍLIA - Com cheque ou sem cheque, estava escrito nas estrelas, nos depoimentos, nos indícios e na convicção generalizada do Congresso que Severino Cavalcanti tinha acabado. Era só uma questão de tempo.
O cheque de R$ 7.500 emitido pelo empresário Sebastião Buani e sacado pela secretária apenas abreviou a agonia de Severino. E do Planalto, do PT e do que resta da combalida "base aliada", que passavam vexame na tentativa, inglória, como se viu, de defender o indefensável.
O cheque foi arrasador para Severino, em especial depois da entrevista de domingo, um verdadeiro deboche. Mas o governo e o PT não saem bem nessa foto. A história do "mensalinho" de Buani para Severino fazia sentido desde o início. E combinava à perfeição com o perfil de Severino e com o seu "jeitão" baixo clero de ser. Só não viu quem não quis -como o PT, que se recusou a assinar a representação contra Severino na terça-feira, junto com cinco partidos e com vários dissidentes petistas.
O partido da transparência e da ética se rendeu aos interesses do Planalto. Trocou a ética pelo mais deslavado cálculo político: é melhor ter o Severino e tapar o nariz, os olhos e os ouvidos do que correr o risco de ver a oposição na presidência da Câmara.
O mais curioso é que líderes da própria oposição admitiam um petista consensual para o lugar de Severino, como José Eduardo Cardozo (SP), Paulo Delgado (MG) e Sigmaringa Seixas (DF). Os dois primeiros foram vetados pelo próprio PT. O outro foi pescar com José Dirceu no fim de semana. Seria o juiz pescando com o réu às vésperas do julgamento. O PT começou tudo errado e continua surpreendendo com sua capacidade inesgotável de errar.
Com cheque ou sem cheque, Severino estava liquidado. Cassado ou não, Roberto Jefferson entra para a história como quem abriu uma importante caixa-preta. Cabe aos verdadeiros líderes fazer um novo Congresso voar.

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