Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, setembro 21, 2005

Editorial do Correio Braziliense


Trecho.
A retórica do desespero

A leitura da resolução da Executiva Nacional do PT emitida terça-feira mostra a insistência do partido em construir cenários delirantes para safar-se de sua responsabilidade pelo naufrágio do governo na mais grave crise da história recente do país. Lavrado em extremos de insolência verbal, o documento recorre a desmoralizada teoria conspiratória para concluir pela existência de operação golpista nas CPIs em curso. Vai adiante a retórica do desespero. Atribui aos partidos de oposição, com especial referência ao PSDB e PFL, ações no âmbito das CPIs destinadas à "criminalização do PT". E, no mesmo ensaio de empulhação, afirma que os petistas não podem "assistir a esta formidável chantagem pública contra sua própria existência, que hoje já alcança uma dimensão manipulatória só semelhante àquela que elegeu Collor em 89".

Ante a evidência da corrupção apurada e confessada nas CPIs, esperava-se que a legenda dos trabalhadores enxotasse os dirigentes que a enxovalharam e lançaram o país no caos político. Mas, ao invés da assepsia moral indispensável para resgatar a imagem do partido, a cúpula que sobreviveu à maré montante da indecência passa a brandir argumentos ineptos, no afã de atribuir à imprensa e à oposição a causa da tragédia política. E comete outro grave erro: o de imaginar que o povo brasileiro é uma platéia de basbaques.
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