Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, setembro 09, 2005

EDITORIAL DA FOLHA DE S PAULO AUTOCRÍTICA PÍFIA

Em pronunciamento à nação, realizado no Dia da Independência, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a abordar a situação política. E o fez tratando os acontecimentos como se tivessem pouca ou nenhuma vinculação com seu governo e com o partido do qual foi fundador. O pronunciamento serviu para realçar as linhas que já se insinuam como as principais numa provável campanha pela reeleição.
Com efeito, Lula tem contado com a boa vontade do "establishment" para evitar que a dinâmica da crise o atinja diretamente, e parece sentir-se mais à vontade para decidir pela disputa do segundo mandato.
Sua principal bandeira são os bons resultados econômicos. Em grande parte fruto de um contexto internacional extremamente favorável, o desempenho positivo da economia tem atuado como um fator importante para evitar que a deterioração política do governo se aprofunde ainda mais. É o que de melhor o Planalto pode alardear. Não por acaso, o presidente tem-se apegado ao tema. No discurso de quarta, voltou a apresentar-se como guardião da política econômica, advertindo os "mal-intencionados" que as turbulências não provocarão mudanças de rumo.
Lula também ressaltou, como fizera em outras ocasiões, as políticas sociais -ou seja, o conjunto de ações assistencialistas herdado da gestão passada, que sua administração ampliou e ao qual batizou de Bolsa-Família. É um dos trunfos do governo para tentar obter apoio entre a população mais carente.
Por fim, o presidente destacou a expressão "vigilância ética", que, segundo ele, tem de ser "redobrada". Com isso, Lula procura reforçar a tese de que nada sabia sobre a corrupção. Por esse raciocínio, a relação do presidente com os desvios se resumiria a uma falha de vigilância, que teria impedido o governo de detectar a nefasta ação dos "traidores".
É essa a sua pífia autocrítica.

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