Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, setembro 09, 2005

EDITORIAL DA FOLHA DE S PAULO SEVERINO EM QUEDA

 Tornou-se insustentável a situação do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE). Depois da divulgação de um documento, com a assinatura do deputado, que garantiria a prorrogação do contrato para explorar o restaurante do décimo andar da Casa, o empresário acusado de pagar um "mensalinho" ao então primeiro-secretário da Câmara confirmou, em entrevista coletiva, a corrupção. Sebastião Augusto Buani afirmou que Severino lhe pediu R$ 20 mil por mês para cada um dos três anos de renovação, mas aceitou fechar o negócio por menos.
Em editorial publicado na segunda-feira, esta Folha considerava que ainda não havia evidências para justificar o afastamento de Severino. Os novos elementos, contudo, são contundentes. Já fora gritante a desorientação do presidente da Câmara, anteontem, quando recorreu a três versões diferentes para refutar o documento. Ontem, seu caso definitivamente agravou-se. Diante dos fatos e das dificuldades políticas enfrentadas pelo deputado -cuja gestão vinha sendo, para dizer o mínimo, constrangedora-, formou-se um consenso. Sua permanência não é mais possível. Ou enfrentará um processo de cassação ou renunciará.
A corrida por sua sucessão, na realidade, já havia começado na quarta-feira, quando surgiu uma candidatura explícita e outras se insinuaram. Representantes governistas negociavam uma espécie de "trégua" com a oposição, em nome da necessidade de recuperar o prestígio do Legislativo. A proposta é escolher um nome que não se identifique diretamente nem com o Planalto, nem com as lideranças de oposição.
Não convém esquecer que a eleição do "rei do baixo clero" foi fruto de erros grosseiros da articulação política petista e contou com o voto de parte considerável da oposição autodenominada "responsável". A tentação de votar em Severino com o intuito de criar problemas para o Planalto prevaleceu sobre os interesses do país.
É de esperar, agora, que a Câmara se comporte com a indispensável maturidade, se é que pretende, de fato, melhorar a péssima imagem que tem transmitido à sociedade.

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