Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, setembro 09, 2005

CLÓVIS ROSSI Não sobram muitos, meu irmão

FOLHA DE S PAULO

  SÃO PAULO - O Brasil é definitivamente uma ópera-bufa. Profundamente ridículo.
Dá bem a dimensão de uma substancial parcela do mundo político brasileiro o fato de o presidente da Câmara, que acaba de ser eleito, estar sendo acusado de um trambique merreca. Se é para ser corrupto, que o seja em grandes volumes, não por um "mensalinho", palavra na qual o diminutivo já indica a dimensão nanica do personagem principal.
Não, não estou fazendo a apologia do "mensalão". Estou apenas apontando o que todo mundo na Câmara dos Deputados sabia: a cultura política em que vicejam os severinos é essa mesma que agora fica exposta pelo depoimento do dono do restaurante da Câmara.
O leitor que me perdoe se sou obrigado a insistir nesse ponto: mesmo sabendo quem era Severino Cavalcanti, 300 deputados nele votaram para comandar a Câmara dos Deputados. Para o meu gosto, são tão pequenos quanto ele, muitos provavelmente tão trambiqueiros quanto.
Se houvesse um mínimo de decência na Casa, o primeiro passo a ser dado agora que o afastamento de Severino parece uma possibilidade bastante concreta seria proibir a candidatura de qualquer um de seus 300 eleitores. De preferência, com a divulgação pública da lista de quem votou em quem na disputa de escassos seis meses atrás.
O segundo passo seria eliminar da lista de possíveis sucessores qualquer nome do PT, partido que não tem moral para coisa nenhuma diante da podridão em que se meteu com o tal de PTduto.
Um partido cujo presidente de turno (Tarso Genro) afirma que precisa de refundação, é porque afundou. E partido na lama não tem condições de presidir uma Casa Legislativa, por mais avacalhada que esta esteja.
Não sobra, portanto, muita gente em condições de assumir o cargo que é o terceiro na linha sucessória. Um retrato acabado da podridão política brasileira.

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