Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, setembro 21, 2005

EDITORIAL DA FOLHA DE S PAULO FURTO QUE HUMILHA

É vexaminoso para a Polícia Federal o furto de mais de R$ 2 milhões em cédulas de euro e dólar das dependências de sua sede no Rio de Janeiro. Embora ainda não tenham sido divulgados detalhes do crime, tudo aponta para um trabalho interno. A própria direção da PF foi diligente em afastar temporariamente todos os 59 policiais -entre eles cinco delegados- que estiveram de plantão no último fim de semana, quando ocorreu o furto.
O dinheiro, que estava dividido em 677.230 e US$ 63.204, além de R$ 21.905, fora apreendido na Operação Caravela, que supostamente desarticulara uma quadrilha de traficantes internacionais. Os ladrões arrombaram a porta e o armário do escritório do escrivão-chefe para pegar a chave da sala-forte em que o dinheiro era guardado. Depois, não tiveram dificuldades para alcançar o cofre e subtrair o numerário. Já é estranho que a chave estivesse tão acessível. Acrescente-se a isso o fato de que não havia uma câmera no corredor que dá acesso à sala-forte e surgem os elementos para um verdadeiro escândalo.
O lamentável episódio mostra o quanto a PF ainda precisa evoluir. É inegável que a instituição fez importantes progressos nos últimos anos. A sucessão de ações contra o crime organizado, da qual a Operação Caravela é um exemplo, representa um avanço no combate à impunidade. Mais importante, ao ter agido também contra membros das chamadas elites -em que pese uma dispensável pirotecnia-, mostrou que a lei vale para todos. O gesto republicano não passa despercebido num país tão marcado por favorecimentos como é o Brasil.
O megafurto, contudo, serve como uma ducha de realidade. A Polícia Federal ainda precisa fazer muito mais para depurar seus quadros. Descobrir rapidamente o que aconteceu e punir exemplarmente os responsáveis por esse absurdo assalto seria uma oportunidade de transformar a humilhação em virtude.

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