Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, setembro 21, 2005

EDITORIAL DA FOLHA DE S PAULO APETITE PELO REAL

 A operação inédita e bem-sucedida do Tesouro Nacional de captação de empréstimo no exterior com títulos corrigidos pelo real é o mais eloqüente sinal do apetite que investidores externos têm demonstrado por ativos brasileiros.
Os papéis, que têm prazo de dez anos, pagam ao seu detentor juros anuais de 12,75%. A novidade é que o risco de uma desvalorização da moeda brasileira é do credor, e não do Tesouro; já, se ocorrer valorização do real diante do dólar, é o poder público brasileiro que sai perdendo.
A entrada de um elevado volume de recursos estrangeiros tem propiciado a valorização da moeda brasileira, de 13% de janeiro a setembro de 2005. Esses investimentos fomentam uma euforia nos preços dos ativos financeiros brasileiros. Arrastada pelas aquisições do exterior, a Bovespa superou anteontem a histórica marca dos 30 mil pontos, e o valor de mercado das empresas lá listadas chegou a R$ 1 trilhão.
Os contratos de câmbio em aberto na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) giram em torno de US$ 50 bilhões. Os de balcão no mercado internacional, em que o investidor ganha na valorização do real, também giram em torno de US$ 50 bilhões.
Essas operações estão associadas a um cenário internacional bastante favorável e taxas de juros domésticas muito altas. As baixas taxas de juros nos principais mercados externos reduzem a aversão ao risco e estimulam a busca por ativos mais rentáveis, aumentando as cotações das commodities, inclusive do petróleo, bem como das Bolsas de Valores.
Esse cenário de abundante liquidez em moeda estrangeira permite que o BC reduza mais agressivamente a taxa de juros básica, sem a ameaça de uma desvalorização do real capaz de alterar as perspectivas para a taxa de inflação. O amplo diferencial entre o juro real (descontada a inflação) doméstico -em torno de 14%- e os externos -próximo de zero- garantem a permanência dos investidores no país. Além disso, uma redução mais acentuada da taxa Selic poderia fomentar a economia. Enquanto o país comemora a possibilidade de uma taxa de crescimento em torno de 3,5%, os países emergentes crescem, em média, a 7,5% ao ano.

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