Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, setembro 07, 2005

EDITORIAL DA FOLHA DE S PAULO FUGA PARTIDÁRIA

 Finda neste mês o prazo para os políticos que pretendem disputar as próximas eleições se desligarem de seus partidos e se filiarem a outras agremiações. Os primeiros sinais de que haverá uma debandada das legendas governistas já foram emitidos pelo vice-presidente José Alencar, que deixou o PL, e pelo deputado federal Delfim Netto, que trocou o PP pelo PMDB.
A motivação dos "migrantes" é óbvia, sobretudo no caso dos egressos do PL, do PP, do PTB e do PT -partidos cujas imagens foram fortemente afetadas pelo escândalo do "mensalão". Trata-se de evitar que os futuros candidatos sejam associados à corrupção. O movimento migratório também é incentivado por temores quanto ao encolhimento das legendas, que as poderia tornar inviáveis.
Entre os petistas, além do desprestígio da sigla, pode-se acrescentar uma outra razão: as disputas internas em torno da cada vez mais distante "refundação" do partido. Estima-se que no caso de uma vitória do Campo Majoritário nas eleições internas ao menos três senadores e seis deputados pedirão desligamento.
O "troca-troca" partidário é tradicionalmente alimentado por políticos que desejam tirar proveito da proximidade com o poder e por governantes em busca de força parlamentar. Apesar da retórica contra a infidelidade partidária, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não apenas prosseguiu com essa prática deplorável como a aprimorou. Prudentemente, o PT não foi o maior receptor de filiações de ocasião, deixando essa tarefa às legendas aliadas. No início do mandato de Lula, partidos como o PTB, PP e o PL registraram crescimento notável.
Chega a ser uma ironia que o PT, que no passado condenou a migração partidária e no poder dela se beneficiou, seja agora atingido pela nova onda. Se a base governista já se esfacelou, imagine-se a situação após a debandada que se anuncia.

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