Entrevista:O Estado inteligente

sábado, setembro 03, 2005

EDITORIAL DA FOLHA DE S PAULO E AZEREDO?

 Causa estranheza que Eduardo Azeredo, senador e presidente do PSDB, não esteja entre os 18 parlamentares cuja cassação foi recomendada em relatório conjunto das CPIs do Mensalão e dos Correios, na última quinta-feira.
Segundo os relatores das duas comissões, um dos parâmetros para as indicações foi a presença de deputados e senadores na lista de beneficiários dos saques em contas do operador do "mensalão" Marcos Valério Fernandes de Souza.
São muitos os indícios de que Azeredo se tenha beneficiado do chamado "valerioduto" durante sua campanha à reeleição para o governo de Minas, em 1998. O próprio Valério declarou sua associação com o senador, em depoimento à CPI dos Correios, e, posteriormente, surgiram diversas evidências nesse sentido.
Poder-se-ia argumentar que os delitos cometidos pelo tucano ocorreram antes de seu mandato parlamentar. Nesse caso, no entanto, valeria para ele o parecer número 89, de 1995, da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, aproveitado pelos relatores das CPIs para legitimar a proposta de cassação do mandato do deputado José Dirceu (PT-SP), acusado de ser um dos chefes do esquema de corrupção à época em que era Chefe da Casa Civil. Segundo o documento, "atos e fatos passados, sobretudo se recentes, a depender de sua natureza e circunstâncias, podem projetar-se no tempo e alcançar e perturbar o procedimento do parlamentar e atingir a instituição [no caso, o Senado]".
Evidentemente não se trata de invocar Azeredo para defender Dirceu sob a alegação de que ele não foi o único a praticar ilícitos -o que não isentaria o ex-ministro de suas culpas. Apenas é de perguntar por que aplicar aqui dois pesos e duas medidas. Diante dos claros e enfáticos indícios, fica a dúvida sobre as razões que levaram a CPI a excluir Azeredo do seleto clube dos 18 "cassáveis" -lista, a propósito, cuja extensão, ao que tudo indica, poderia e deveria ser bem maior.

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