Entrevista:O Estado inteligente

sábado, setembro 10, 2005

Diogo Mainardi Resumo da ópera 2

VEJA

"Sou o arqueólogo do mensalão. Tenho
dedicado todo o meu tempo à extenuante
tarefa de escavar a necrópole petista, em
busca de sarcófagos que me permitam
reconstruir a história daquele povo
iletrado e primitivo, felizmente extinto"

Eu sou o arqueólogo do "mensalão". O Indiana Jones do PT. O Heinrich Schliemann do Palácio do Planalto. Tenho dedicado todo o meu tempo à extenuante tarefa de escavar a necrópole petista, em busca de sarcófagos que me permitam reconstruir a história daquele povo iletrado e primitivo, felizmente extinto.

Na coluna da semana passada, afirmei que o dinheiro do mensalão foi extorquido de Daniel Dantas, dono do banco Opportunity. Na última terça-feira, por intermédio de sua assessora, Roberto Jefferson confirmou minha teoria.

Até 2002, Marcos Valério era um operador local de Dantas, encarregado do abastecimento do bando mineiro de Pimenta da Veiga, ministro das Comunicações de Fernando Henrique Cardoso. Quando Lula foi eleito, Marcos Valério se aproximou de Delúbio Soares e passou a canalizar toda a propina que Dantas era obrigado a pagar ao governo federal, representado pelo bando de José Dirceu.

Se Marcos Valério era o operador de Dantas, não adianta procurar em suas contas o dinheiro da Novadata, ou da GDK, ou da Leão&Leão, ou de Santo André, ou das empresas de lixo, ou dos bicheiros, ou das empreiteiras, ou da Gtech, ou dos sindicatos, ou dos fundos de pensão, ou das Farc, ou da Líbia. A roubalheira petista é infinitamente maior do que aquilo que apareceu até agora. Recomendo procurar o cofre em outro lugar. Recomendo também, aos arqueólogos diletantes como eu, a releitura de tudo o que a imprensa publicou nos últimos dois anos e meio. Os altos e baixos de Lula correspondem perfeitamente aos altos e baixos de Dantas. A história do governo Lula é um mero reflexo da disputa comercial entre as operadoras de telefone.

Como o policial que achaca o traficante, garantindo-lhe proteção para tocar seus negócios, no começo de 2003 o Palácio do Planalto achacou Dantas, exigindo dele o dinheiro do mensalão. Formaram-se duas facções. Numa delas, ficaram Dantas, Dirceu, Delúbio, Delfim, João Paulo, Ciro, Mentor, Kakay e todos os mensaleiros do PP, do PL, do PTB. Na outra facção, ficaram Gushiken, Telemar, Previ, Fundef, Banco do Brasil, Trevisan e um punhado de parlamentares arregimentados aqui e ali. A repartição do território deixou todo mundo feliz. Por um ano e meio, Lula aprovou o que bem entendeu no Parlamento, ao mesmo tempo em que as operadoras de telefone tentaram formar um cartel para manipular o reajuste de tarifas. A trégua só foi rompida depois do caso Kroll, em meados de 2004. A Anatel, comandada por Gushiken, lançou os fundos de pensão à conquista da Brasil Telecom. Dirceu não deu proteção a Dantas, fugindo do campo de batalha. Quando Dantas parou de pagar o mensalão, o governo acabou.

Lula? Lula imaginou que poderia ficar indefinidamente com um pé de cada lado. Não deu certo. Tendo de optar, optou pelos amigos da Telemar, que garantiram o futuro de dois de seus filhos, comprando a empresa do primeiro e financiando a estada em Paris da segunda.

Essa é a história do governo Lula. Fim.
Resumo da ópera 1

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