Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, agosto 03, 2005

VALDO CRUZ Interrogações

FOLHA DE S PAULO

  BRASÍLIA - Marcos Valério colocou boa parte de suas cartas na mesa. Sua estratégia, informada à PF, é bem clara. Tomou R$ 55,2 milhões em empréstimos a pedido de Delúbio Soares. Repassou R$ 55,8 milhões a políticos do PT, PL, PP e PMDB indicados pelo ex-tesoureiro petista.
Busca provar que não usou dinheiro privado para atender os pedidos de Delúbio. Endividou-se para socorrer o "amigo". Teria até repassado R$ 600 mil a mais do que obteve da banca para ajudar o PT.
É uma linha de defesa. Cabe, agora, à CPI dos Correios ou à do Mensalão confirmá-la ou desmascará-la. Afinal, há muitas perguntas no ar.
Por exemplo, os empréstimos no Banco Rural e BMG foram adiantamentos de receitas, à espera de doações de empresários interessados em negócios com o governo? Ou são realmente empréstimos, que o PT teria de pagar, não pagou, e agora os bancos cobram Valério?
As dúvidas não param aí. A lista entregue por Valério à PF, com o nome de 31 beneficiários da grana dos empréstimos, não é a definitiva. Os interlocutores do empresário alegam que ali estão os nomes que ele tem condições de provar.
Falta, por exemplo, saber quem recebeu os R$ 10,8 milhões sacados pela turma do PL. Óbvio que a montanha de dinheiro não foi toda para o ex-deputado Valdemar Costa Neto. Ele distribuiu. Para quem?
E a grana sacada pelo assessor do líder do PP, deputado José Janene. Foram nada menos do que R$ 4,1 milhões. Quem foram os pepistas agraciados com o mimo petista?
Tem ainda o dinheiro sacado por gente do diretório nacional do PT. Coisa de R$ 4,9 milhões, destinados a Delúbio Soares, Silvio Pereira, Marcelo Sereno e outros.
Nesses "outros" pode estar a nitroglicerina pura. Gente graúda do partido e do governo pode ter se financiado com esse dinheiro. Faça suas apostas e aguarde o final da novela. O risco é ficar sem final.

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