Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, agosto 02, 2005

Luiz Garcia Mudando de assunto

O GLOBO


Acrise política é assustadora — mas vai passar: todos os precedentes garantem.O preço pode ser alto ou muito alto, mas, como furacões e tsunamis, chega o dia em que o sol aparece, os sobreviventes fazem penitência por suas culpas — da ingenuidade excessiva de muitos à ambição desmedida de poucos — e seguem em frente.


No século passado tivemos guerra civil, rebeliões militares, roubalheira freqüentemente denunciada e às vezes punida, um presidente que se matou, dois que renunciaram etc. A tudo o país sobreviveu e acabou até melhorando aqui e ali. Quase sempre, aos trancos e barrancos, como é freqüente no planeta. E com uma lentidão e uma recaída nos erros que parece parte de nossa herança.

Portanto, na medida do possível, aguardemos com serenidade o depoimento de José Dirceu e o que vier depois. E mudemos de assunto, ao menos hoje.

Para escapar da acusação de panglossianismo (ao dicionário, meninos) falemos de outra crise, documentada em pesquisa séria. Ela revela que o carioca é ruim de cama. Em assustadora porcentagem, ele não consegue fazer adequadamente com suas parceiras aquilo que a classe política parece fazer com tanta facilidade com o país.

Afirma o sexólogo Amaury Mendes Júnior, responsável pela investigação, que quase metade das mulheres do Rio (precisamente 48,36%) estão insatisfeitas. Dependendo da idade, muitas dispensam carícias preliminares para irem diretamente aos finalmentes. Freqüentemente, porque os parceiros são pouco eficientes naquilo que Amaury chama de "a qualidade das brincadeiras" ? e elas preferem "pular as preliminares para se livrar do que consideram uma obrigação".

As preferências mudam com a faixa de idade. Aos 16, a adolescente é cem por cento entusiasta da fase do aquecimento. A partir desse ponto o interesse vai caindo até atingir o índice mais baixo na fase entre 50 e 59 anos. Curiosamente, a partir dos 60 reaparece o entusiasmo pelas carícias preliminares. Um leigo pessimista deduziria que os parceiros, provavelmente quase todos na mesma faixa de idade, não oferecem garantia de ir muito além disso.

Quanto ao orgasmo propriamente dito, a crise atinge seu ponto mais sério entre as moças de 20 a 29 anos: simplesmente não chegam lá.

Grave, muito grave. A pesquisa não ouviu homens. Mas a única defesa possível dos machos seria alegar que suas experiências pessoais mostram o contrário. Alegação que não ajudaria grande coisa: apenas reforçaria a hipótese de que a parceira, por amor ou para não brigar, finge. Os mais sábios darão graças a Deus por esse generoso fingimento — todos falando, claro, em nome dos outros.

A verdade é que a crise, aceitando-se a seriedade da pesquisa, existe. Enfim, aos varões que só conhecem o problema de ouvir falar, resta manifestar solidariedade a incompetentes e insatisfeitas.

E vamos ouvir o José Dirceu.

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