A mais recente pesquisa Ibope divulgada ontem deve ter deixado muito tucano sem dormir. Sem contar a turma do Palácio do Planalto. Bom, mas essa está com insônia há pelo menos três meses.
Sem nenhuma surpresa, desabou a aprovação do governo Lula e a taxa de confiança no presidente. Em julho, 54% aprovavam o governo Lula. Agora são apenas 45%, uma queda de nove pontos percentuais.
Quanto à confiança no presidente, pela primeira vez é maior o número dos que não confiam nele. Em julho, 53% confiavam em Lula, enquanto 42% não confiavam. Na pesquisa divulgada ontem, esses números se inverteram. Agora 43% confiam em Lula, enquanto 52% não confiam.
Tudo é efeito da crise política, que castiga o governo, o PT e o Congresso há três meses. Em julho, 72% dos entrevistados tinham tomado conhecimento das denúncias de corrupção, número que agora aumentou para 81%.
Entre os responsáveis pela crise, vêm, pela ordem, o PT, os deputados federais e o presidente Lula, seguidos dos partidos aliados e do sistema eleitoral.
Mas é nos cenários para a eleição presidencial de 2006 que reside a maior dor de cabeça para Lula e seus companheiros, mas também para os tucanos.
Isto porque uma das simulações de primeiro turno já aponta o favoritismo do prefeito de São Paulo, José Serra, sobre Lula, e os dois bem distanciados de Garotinho, o terceiro colocado.
Mas é na simulação de segundo turno que Serra dá um banho. Venceria com 44% dos votos, enquanto Lula teria 35%. É preciso registrar que a disputa entre Serra e Lula é a que apresenta o menor percentual de votos brancos e nulos, apenas 17%, o que pode significar um voto já bastante cristalizado. Pelo menos na simulação.
Temos ainda muito chão pela frente. As investigações da crise do mensalão ainda não estão nem na metade, ainda não há candidaturas postas na disputa, apenas intenções.
De qualquer forma, a pesquisa Ibope mostra que a crise atingiu, sim, o presidente Lula, e de forma perigosa. A reeleição de Lula antes era considerada favas contadas. Depois passou a ser um projeto que inspira cuidados, para transformar-se, pelo menos por enquanto, em um projeto de risco.
Mas o efeito mais imediato da pesquisa Ibope é o ecrudescimento da disputa interna entre os tucanos. Depois de passarem quase três anos assistindo ao espetáculo de canibalismo diário dentro do PT, os tucanos voltarão a praticar um esporte que lhes é muito familiar: falar mal uns dos outros e soltar a mosca azul.
Decididamente, o dragão da luta interna despertou de seu sono dentro do PSDB.
