Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, agosto 22, 2005

FERNANDO RODRIGUES A versão de Palocci

Folha de S Paulo

  BRASÍLIA - Foi só o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, terminar sua entrevista dominical espontânea para que começasse o "spinning job" do governo e da oposição a favor do condutor da economia. "Sensato", "tranqüilo" e "convincente" foram alguns dos adjetivos usados.
Na vida real, como se sabe, nem todos os corruptos são desprovidos de sensatez, tranqüilidade e poder de convencimento. Tudo bem. Palocci foi o primeiro no oceano de lama do PTgate a dar uma entrevista na qual se submeteu, sem restrições, a todas a perguntas possíveis. Ainda assim, é apenas a sua palavra de petista contra a de um ex-assessor e agora corrupto confesso, Rogério Buratti.
Ao acusar Palocci de receber uma propina mensal de R$ 50 mil na Prefeitura de Ribeirão Preto, Buratti ofereceu elementos que podem -ou não- ser comprovados. A resposta virá com a investigação da polícia, do Ministério Público e das CPIs.
Para acalmar os mercados, a entrevista de ontem de Palocci talvez seja eficaz. O ministro negou tudo. Os financistas são aficionados incorrigíveis da teoria do auto-engano.
Mas, para que a manifestação do ministro resulte perfeita e perene, terá de passar pelo teste das investigações. Outros petistas já negaram estar metidos na roubalheira. Foram desmontados pelos fatos.
Nesta semana, há informações nos bastidores do governo de que mais um doleiro dará informações sobre traficâncias do PT em campanhas eleitorais e administrações municipais. Não há como prever o que poderá surgir de indícios ou de provas.
Com a velocidade dos fatos e o número de petistas encrencados, não deixa de ser um ato de destemor a atitude de Palocci. Ele assumiu o comando de uma operação de alto risco para salvar a pele e o cargo. Pode dar certo. Ou apenas abreviar o tombo, que poderá ser potencializado pela negativa de ontem. A ver.

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