Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, agosto 24, 2005

FERNANDO RODRIGUES O fator José Dirceu

FOLHA DE S PAULO

  BRASÍLIA - O ponto de interrogação mais relevante da crise no momento atende pelo nome de José Dirceu. O ex-ministro será ou não cassado? Ninguém ousa responder. Dentro do Congresso, só há teorias.
A principal avaliação dos deputados e senadores é simples. Se forem cassados dez congressistas e José Dirceu se salvar, ficará a impressão de que o trabalho das CPIs foi inútil.
Por outro lado, é inegável que o ex-ministro da Casa Civil tem um argumento jurídico-formal sólido a seu favor: não há prova material de seu envolvimento com o valerioduto. O nome de Dirceu não está entre os receptores de dinheiro. Há indícios de que assessores possam ter sacado, sem evidência conclusiva.
Contra José Dirceu pesa o fato de até as carpas do Palácio do Planalto saberem que nada de relevante no PT era realizado sem a autorização dele, mesmo depois de estar no cargo de ministro. Roberto Jefferson também acusa o ex-ministro de saber do esquema do "mensalão", mas não forneceu provas palpáveis.
Em resumo: sobre José Dirceu, há acusações verbais. Nenhuma evidência material para os padrões brasileiros de condenação. É por essa razão que o presidente Lula outro dia recuou e não apontou seu ex-ministro entre os que considera traidores.
É claro que o julgamento dentro do Congresso é político. O difícil é imaginar todos os deputados atendidos por Dirceu em mais de dois anos de governo votando para cassá-lo.
O ideal para deputados e para o Palácio do Planalto seria a saída de cena voluntária de José Dirceu. Essa hipótese o ex-ministro afastou do cenário. Ignorou o prazo para a renúncia. Deve enfrentar o processo de cassação até o final.
Enquanto não aparecem, se é que aparecerão, provas a respeito do envolvimento de Lula, o maior desafio para o Congresso é resolver o destino político de José Dirceu. O desfecho é imprevisível e dele depende a conclusão de toda a crise atual.

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