Entrevista:O Estado inteligente
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quarta-feira, agosto 03, 2005
ELIO GASPARI Lula, o pastor de bodes
José Dirceu é uma página virada das fantasias de Brasília. Colocando-se de lado sua personalidade apoteótica que o infortúnio transformou em bode, o problema continua do mesmo tamanho. Hoje, como no dia 1 de janeiro de 2003, quando foi empossado na Presidência da República, o problema (pensou-se que fosse solução) chama-se Lula. A Constituição determina que ele dure pelo menos até o dia 31 de dezembro do ano que vem.
Foi Lula quem cometeu o erro desastroso de entregar ao chefe do Gabinete Civil a articulação política e a gerência administrativa de seu governo. Se em vez de ter colocado José Dirceu nesse cruzamento de jacaré com melancia tivesse nomeado São Francisco de Assis, o resultado seria parecido. Paralisou a máquina e transformou a rede de apoio parlamentar de seu governo numa tessitura desconexa que só podia ser amarrada com mensalão. Foi ao armazém, pediu dois pacotes de leite, uma vassoura, três abacaxis e quer reclamar do formato do embrulho.
Foi Lula quem colocou Delúbio Soares na tesouraria do PT e o manteve mesmo depois que o companheiro saiu por Brasília fumando charutos Cohiba, movendo-se como se fosse tesoureiro da administração. Referindo-se à sua capacidade de influenciar agendas, informava: "Com burocrata de ministério? É só ligar e marcar para quatro, cinco dias depois."
Nunca é demais lembrar que Waldomiro Diniz, um subchefe do Gabinete Civil filmado achacando um bicheiro (antes de ser levado para o palácio por José Dirceu), foi exonerado "a pedido". Em sindicalês, nem justa causa deu.
Desde 1977, quando entrou na cena política nacional, Lula foi um genial manipulador de duas condições. Apoiava-se numa base cujas reivindicações encarnava e combatia uma cúpula que responsabilizava pelas desgraças nacionais. Quando venceu, como na greve de maio de 1978 e na eleição de 2002, arrastou as fichas. Quando perdeu, como nas greves de 1979 e 1980 e nas campanhas de 1990, 1994 e 1998, apresentou-se como o líder que levou seu povo até as portas de Brasília, mas foi vencido pelas forças do obscurantismo. Um pastor de bodes.
Em quase três anos de governo, Lula tentou uma impossível adaptação desse estratagema ao exercício da presidência. Fome Zero, Primeiro Emprego e CPMF mundial foram bandeiras semelhantes à moratória da dívida externa ou os dez milhões de novos postos de trabalho. Na oposição, mostrariam o carinho do companheiro pelo andar de baixo. No governo, mostraram que seu governo é parlapatão e inepto. Meteu-se numa diplomacia de nós-ganhamos-eles-perderam e agora se vê na zona de rebaixamento, acumulando a maior galeria de fracassos da história do Itamaraty.
Noves fora a explosão do comissariado, a questão continua do mesmo tamanho. O presidente americano Harry Truman tinha uma tabuleta em cima de sua mesa na Casa Branca informando que ele era o responsável de última instância pelos atos do governo. Desde o dia em que a palavra mensalão foi para a primeira página dos jornais, Lula está parado, com as cartas na mão, ausente. A genialidade de Truman (que também não tinha diploma de curso superior) esteve em perceber que o presidente da República é o único sujeito que não pode procurar bodes, sob o risco de se transformar no maior deles.
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