Folha de S Paulo
Na década de 90, o Brasil foi dividido em quatro.
O Brasil 1 era o país oficial, que pagava impostos e tomava crédito em reais. Nesse país, só sobreviveram os grupos com poder de cartel.
O Brasil 2 é um segundo Brasil que surgiu nas barbas do BC e da Receita, por meio das liberalidades abertas para a entrada de recursos de empresas "offshore".
É o Brasil que não paga impostos, que deposita no exterior os bônus de seus executivos e de seus economistas -para que sigam bradando que é necessário aumentar impostos e cortar gastos sociais do Brasil 1. Esse modelo elevou o dólar às alturas, o que elevou as taxas de juros, dando espaço para dois subprodutos.
O Brasil 1 gerou o Brasil 3, das empresas que, tentando pagar em dia os encargos cada vez mais pesados, quebraram ou ficaram inadimplentes com o fisco.
Daí derivou o Brasil 4, do crime organizado: os grupos que se formaram com esquemas variados de sonegação ou corrupção de várias espécies, libertando-se do peso do "sócio" fisco e crescendo como um foguete.
O Brasil 4
O Brasil 4 está exemplificado no chamado "esquema Daslu", utilizado por um grande número de empresas importadoras. Vai aí um breve modelo, com informações adicionais do leitor Luiz Roberto Costa. Consiste no seguinte:
1) criam-se empresas laranjas no exterior e no Brasil, para que as empresas principais -o fornecedor principal no exterior e no Brasil- não corram o risco de receber nem pagar por fora;
2) em geral, remete-se para empresas laranjas no exterior algo em torno de 80% do valor da operação em moeda estrangeira. É por isso que o dólar paralelo não morre. As laranjas externas adquirem os produtos lá fora e revendem para as laranjas internas por preço subfaturados;
3) somados, impostos e custos de importação para artigos de luxo saem, em média, por 180% do valor FOB (preço no porto de origem). Ou seja, para mercadoria cujo preço FOB seja US$ 1, irá pagar-se, em média, US$ 1,80 de impostos e custo de importação;
4) ao internar o produto por 10% do valor, haverá a sonegação dos seguintes impostos e encargos que incidem sobre o valor da mercadoria: a) Imposto de Importação, b) IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), c) ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), d) PIS e Cofins, e) gasto de armazenagem e comissão para despachantes.
O Brasil 2
Conforme amplamente veiculado na imprensa, o Banco Pactual está sendo vendido por US$ 2 bilhões ao Goldman Sachs. O patrimônio líqüido do Banco Pactual no Brasil é de R$ 600 milhões, conforme dados do BC. Para ser vendido por US$ 2 bilhões, precisa ser muito rentável.
O Pactual tem o Pactual Overseas, em Bahamas. Oficialmente, o banco não consolida as demonstrações financeiras de ambos no Banco Central e na Receita Federal. Mas já divulgou seus números no exterior, para embasar o lançamento de títulos emitidos no mercado internacional pela Pactual Overseas. Juntando as demonstrações dos dois bancos, chega-se a isto:
1) o Pactual tem receitas por volta de US$ 300 milhões e lucro líqüido de US$ 150 milhões;
2) em 2004, pagou R$ 40 milhões em impostos no Brasil. Considerando-se que nenhum imposto é pago em paraísos fiscais, a tributação efetiva do banco está por volta de 9%, muito abaixo de bancos como Itaú e Bradesco;
3) as operações do banco são aqui, por aqui estão seus funcionários, clientes e custos. No entanto ele transfere seus lucros para Bahamas, que é um mero centro de custo. Só há uma explicação para essa estrutura societária e operacional do Pactual: não pagar impostos. É tudo tão escancarado que o banco entrega suas informações praticamente consolidadas às agencias de "rating", para que analisem seu credito. Os próprios auditores do BC, em suas análises sobre a solidez do banco, trabalham com o balanço consolidado.
No entanto, todos -BC, Receita, CVM- teimam em não olhar os ossos que estão no armário, mas expostos na sala de visita.
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Arquivo do blog
-
▼
2005
(4606)
-
▼
julho
(532)
- Do foguetório ao velório Por Reinaldo Azevedo
- FHC diz que Lula virou a casaca
- DORA KRAMER A prateleira do pefelê
- Alberto Tamer Alca nunca existiu nem vai existir
- Editorial de O Estado de S Paulo Ética do compadrio
- LUÍS NASSIF A conta de R$ 3.000
- As elites e a sonegação JOSÉ ALEXANDRE SCHEINKMAN
- Lula se tornou menor que a crise, diz Serra
- JANIO DE FREITAS A crise das ambições
- ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES Responsabilidade e amor ...
- ELIANE CANTANHÊDE É hora de racionalidade
- CLÓVIS ROSSI Não é que era verdade?
- Editorial de A Folha de S Paulo DESENCANTO POLÍTICO
- FERREIRA GULLAR:Qual o desfecho?
- Editorial de O Globo Lição para o PT
- JOÃO UBALDO RIBEIRO Não é por aí
- Miriam Leitão :Hora de explicar
- Merval Pereira Última instância e O imponderável
- AUGUSTO NUNES :A animada turnê do candidato
- Corrupção incessante atormenta a América Latina po...
- Blog Noblat Para administrar uma fortuna
- Diogo Mainardi Quero derrubar Lula
- Tales Alvarenga Erro tático
- Roberto Pompeu de Toledo Leoa de um lado, gata dis...
- Claudio de Moura Castro Educação baseada em evidência
- Dirceu volta para o centro da crise da Veja
- Ajudante de Dirceu estava autorizado a sacar no Ru...
- Até agora, só Roberto Jefferson disse a verdade VEJA
- O isolamento do presidente VEJA
- VEJA A crise incomoda, mas a economia está forte
- veja Novas suspeitas sobre Delúbio Soares
- VEJA -A Petrobras mentiu
- Editorial de O Estado de S Paulo A conspiração dos...
- DORA KRAMER O não dito pelo mal dito
- FERNANDO GABEIRA Notas de um pianista no Titanic
- Economia vulnerável GESNER OLIVEIRA
- FERNANDO RODRIGUES O acordão
- CLÓVIS ROSSI A pizza é inevitável
- Editorial de A Folha de S Paulo A SUPER-RECEITA
- Editorial de A Folha de S Paulo O PARTIDO DA ECONOMIA
- Zuenir Ventura O risco do cambalacho
- Miriam Leitão :Blindada ou não?
- A ordem é cobrar os cobradores
- Mas, apesar disso, o PSDB e o PFL continuam queren...
- Em defesa do PT Cesar Maia, O Globo
- Senhor presidente João Mellão Neto
- Editorial de O Estado de S Paulo 'Novo fiasco dipl...
- Editorial de O Estado de S Paulo 'Erros', fatos e ...
- DORA KRAMER Um leve aroma de orégano no ar
- Lucia Hippolito :À espera do depoimento de José Di...
- LUÍS NASSIF Uma máquina de instabilidade
- ELIANE CANTANHÊDE Metralhadora giratória
- CLÓVIS ROSSI Socorro, Cherie
- Editorial de A Folha de S Paulo SINAIS DE "ACORDÃO"
- Editorial do JB Desculpas necessárias
- Villas-Bôas Corrêa A ladainha dos servidores da pá...
- Editorial de O Globo Acordo do bem
- Miriam Leitão :Apesar da crise
- Luiz Garcia A CPI e os bons modos
- Merval Pereira Torre de Babel
- DILEMA PETISTA por Denis Rosenfield
- Ricardo A. Setti Crise mostra o quanto Lula se ape...
- Um brasileiro com quem Lula preferiu não discutir ...
- Editorial de O Estado de S Paulo Do caixa 2 ao men...
- Que PT é esse? Orlando Fantazzini
- Alberto Tamer China se embaralha para dizer não
- DORA KRAMER Elenco de canastrões
- LUÍS NASSIF Uma questão de tributo
- PAULO NOGUEIRA BATISTA JR. Antídoto contra a mudança
- JANIO DE FREITAS Questão de ordem
- Responsabilidade DENIS LERRER ROSENFIELD
- DEMÉTRIO MAGNOLI A ética de Lula e a nossa
- ELIANE CANTANHÊDE Caminho da roça
- CLÓVIS ROSSI Legalize-se a corrupção
- Editorial de A Folha de S Paulo PRISÃO TARDIA
- Lucia Hippolito :Uma desculpa de Delúbio
- Cora Ronai Não, o meu país não é o dos delúbios...
- Miriam Leitão Dinheiro sujo
- MERVAL PEREIRA Seleção natural
- AUGUSTO NUNES Tucanos pousam no grande pântano
- Villas-Bôas Corrêa- Lula não tem nada com o governo
- José Nêumanne'Rouba, mas lhe dá um bocadinho'
- Entre dois vexames Coluna de Arnaldo Jabor no Jorn...
- Zuenir Ventura Apenas um não
- Editorial de O Estado de S. Paulo As duas unanimid...
- Luiz Weiss O iogurte do senador e a "coisa da Hist...
- Nunca acusei Lula de nada, afirma FHC
- Editorial de O Estado de S Paulo Triste tradição
- Editorial de O Estado de S Paulo Lula sabe o que o...
- A mentira Denis Lerrer Rosenfield
- As duas faces da moeda Alcides Amaral
- LUÍS NASSIF O banqueiro e a CPI
- FERNANDO RODRIGUES Corrupção endêmica
- CLÓVIS ROSSI Os limites do pacto
- Editorial de A Folha de S Paulo O CONTEÚDO DAS CAIXAS
- Editorial de A Folha de S Paulo A CRISE E A ECONOMIA
- DORA KRAMER À imagem e semelhança
- Miriam Leitão :Mulher distraída
- Zuenir Ventura aindo da mala
- Merval Pereira Vários tipos de joio
-
▼
julho
(532)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA
Nenhum comentário:
Postar um comentário