Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, julho 21, 2005

CLÓVIS ROSSI Um nome para 2006

folha de s paulo
 
SÃO PAULO - Surgiu por fim um mocinho no lodaçal Brasil. Chama-se Sérgio Sebastião Alves, mas é mais conhecido, nos meios que freqüenta, como "Excelência".
Não, não se assuste. Não estou me referindo aos ínclitos senhores que desfilam todos os dias no show de horrores que são as investigações congressuais. Nosso Sérgio é apenas estelionatário e ladrão de banco.
Como pode ser herói? Simples: dedica-se a apenas uma atividade, criminosa, é verdade, mas ao menos não faz bico nem como parlamentar nem como dirigente de partido dito popular (me engana que eu gosto).
"Excelência" foi catapultado à fama -e preso- por uma ingenuidade: planejava seqüestrar Marcos Valério, o homem de todas as malas. Coitado do "Excelência": ainda é do tempo em que ladrão que roubava ladrão merecia cem anos de perdão.
Injustiça. Se o partido do presidente da República pode pegar uma baita bolada com Marcos Valério, sem que ninguém vá preso, por que "Excelência" não teria o mesmo direito?
Só porque ele nunca teve a chance de segurar a cigarrilha para o presidente fumar escondido?
Vamos e venhamos: existe mesmo uma grande diferença entre organizações criminosas como o PCC e muitos dos "Pês" que infestam o Congresso Nacional? Existe uma: a violência que o pessoal do PCC utiliza em abundância.
Já a turma de outros "Pês" vai na manha, como se diz no PCC.
Até no português, imagino que "Excelência" leva vantagem. A ele perdoa-se que diga, se diz, "preito", em vez de pleito, como se ouviu um sociólogo chamado Silvio Pereira falar uma e mil vezes no Congresso. Assim como se ouviu ontem um "negoceia" da boca de Delúbio Soares, prova de que é mestre também em caixa dois do idioma.
Nessa batida, já tenho um bom candidato para 2006. É o nosso Sérgio. Tem uma vantagem: já vem com "Excelência" no apelido, antes mesmo de ser chamado a uma CPI.

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