FOLHA DE SÃO PAULO - 02/05/10
Alguns gostam mais do filho que dá mais trabalho, outros preferem os certinhos, vai entender a cabeça humana
O QUE É QUE faz com que se goste mais de uma pessoa do que de outra? Não estou falando do amor/paixão, apenas do gostar. Aliás, nem sei se é mesmo gostar, ou uma questão de preferir.
Tem sempre um filho sofredor, que acha que sua mãe tem outro que é o predileto, o "queridinho"; às vezes é verdade, às vezes não, até porque os prediletos dos pais mudam. Dependendo das circunstâncias do momento, uma hora é um, em outra hora é outro. Alguns gostam mais do filho que dá mais trabalho, outros preferem os mais certinhos, vai entender a cabeça humana.
Quem não sabe que os avós têm seu neto preferido, as tias têm a sobrinha -não adianta negar-, e o que me põe mais curiosa é saber se essas preferências têm a ver com o temperamento, a vivacidade, os gostos comuns, a beleza, ou o quê. Irmãos têm a obrigação de se adorar?
Caim morria de ciúmes de Abel; tanto que acabou assassinando o irmão -e nem havia o problema de dividir a herança. Existem irmãos que não se dão bem, nem lembram que o outro existe, mas têm amigos por quem fariam tudo, ou quase tudo.
Então, como fica essa história de ter o mesmo sangue? Vale ou não vale, conta ou não conta ponto? Por favor, me respondam, senhores que sabem tudo. Não sei das estatísticas, mas conheço vários casos de crianças adotadas que, quando um dia foram levadas para conhecer os pais verdadeiros, não quiseram muito saber deles. É bem verdade que essas foram muito bem tratadas pelos pais adotivos, que por acaso -apenas por acaso- tinham bastante dinheiro.
E penso: será que é a convivência que cria os gostares, ou é o sangue que fala mais alto? Por isso fico curiosa quando leio nos jornais essas histórias de troca de crianças na maternidade.
Quando alguém já se apegou àquele que acha que é seu filho e vem alguém dizendo que houve um engano e troca aquela criança por outra, será que o amor pelo primeiro acaba? E o amor pelo segundo, o verdadeiro, brota espontaneamente só porque uma enfermeira diz que se enganou na hora de botar o esparadrapo na perninha?
Claro, agora tem o exame de DNA, mas será que basta essa prova para que os sentimentos nasçam e morram? Será?
E os parentes? Esse é um outro problema. Outro dia vi uma foto -linda, aliás- do pai do presidente Kennedy com seus 24 netos. Imagino que ele não soubesse, e nem podia, o nome de todos; mas será que gostava deles da mesma maneira?
Claro que ele adorou quando teve o primeiro neto, o segundo, o terceiro, mas será que o 23º trouxe a mesma emoção? Se ele ainda fosse vivo não adiantaria perguntar, pois ele diria, sem pensar por um só segundo, que sim; mas seria verdade?
Em outros tempos as famílias eram maiores; os que mudaram de cidade, até mesmo de país, não têm noção de quantos primos têm. Se o telefone tocar e for um deles, será que vai ser uma grande alegria ou um grande incômodo?
Se pensar que gosta mais da empregada, com quem convive de segunda a sexta, do que de qualquer um deles, está aí uma boa razão para se achar um monstro e pensar: será que existe mesmo essa história de ser do mesmo sangue, pertencer à mesma família, ou isso foi inventado, tanto como inventaram que o amor é eterno?
Sei lá.
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