Graças à eletrônica e à criatividade, vive-se
a idade de ouro dos produtos para solucionar
os pequenos problemas do cotidiano
Carlos Rydlewski
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Peter Drucker, o papa da administração moderna, dizia que era possível contar nos dedos de uma só mão o número de produtos realmente inéditos, mesmo em períodos de acentuada inovação. Na Revolução Industrial do fim do século XVIII, a máquina a vapor basicamente impulsionou processos já existentes. Na era da informação, o prêmio principal vai para o computador – mas, Drucker que nos perdoe, já não é possível contar novidades nos dedos de uma ou mesmo de duas mãos. Soluções engenhosas para facilitar a vida das pessoas e resolver os pequenos problemas do cotidiano surgem em profusão. Saem igualmente da prancheta dos projetistas das grandes corporações e da garagem dos inventores de fundo de quintal. São abridores para tampas de potes, dispositivos que permitem ao motorista melhor visão do que está atrás do carro, sensores para avisar quando o churrasco está pronto ou mesmo o instante de vencimento do filtro solar.
A regra por trás dessa explosão criativa pode ser resumida num conceito: se há um problema, logo surge uma solução engenhosa. Muitos fatores contribuem para criar essa idade de ouro das utilidades. Da perspectiva tecnológica, um dos mais relevantes é a inclusão de recursos digitais em velhos dispositivos. Uma geladeira pode ser um item desprezado da cozinha, mas, equipada com um software para gerenciar o consumo de energia e uma tela de LCD, retoma o posto de vedete. O mesmo pode ocorrer com uma lupa, um artigo em desuso, mas que ganha nova graça e maior utilidade se for renovado pela tecnologia dos dígitos. Algumas dessas conversões para o mundo dos bits são inusitadas, como o guarda-chuva desenvolvido pelo estudante Takashi Matsumoto, no Japão. Ele leva acoplado um dispositivo que projeta imagens no tecido e pode ser conectado à internet. Outras são surpreendentes, como o Celestron SkyScout, uma espécie de luneta digital, mas com um banco de dados de milhares de estrelas, planetas e constelações. A convergência de tecnologias é outro elemento que contribui para renovar o fluxo de produtos nas prateleiras. Já não basta que um telefone celular tire fotos ou reproduza MP3. Para não cair na vala comum da obsolescência, precisa incorporar um programa de GPS, a capacidade de receber e transmitir e-mail e oferecer alguns recursos de edição que até pouco tempo atrás só existiam num computador.
Menos visível, a padronização de alguns dispositivos eletrônicos também favorece o surgimento de novos aparelhos. Foi justamente por ter um único padrão para a troca de dados, uma só língua para unir diferentes máquinas, a do protocolo TCP/IP adotado nos anos 70, que a internet se tornou universal. No pequeno mundo das utilidades engenhosas, isso atualmente ocorre com os equipamentos que usam o cabo universal serial bus (USB). Essa conexão é mais eficiente que aquela usada anteriormente nos computadores, a serial, e foi adotada em larga escala pela indústria. Um cabo USB pode transferir dados a uma taxa sete vezes maior do que a do serial. Estabelecido como padrão, o USB facilitou a criação de novos produtos. Está em luminárias, ventiladores e brinquedos. Todos podem ser conectados ao computador para recarga ou mesmo para troca de dados. Esses recursos tecnológicos não são a única explicação, evidentemente, para o aparecimento de tantas novidades no mercado. As vendas pela internet ou por meio dos canais de compras da televisão desempenham um papel importante no processo. Permitem que fabricantes de produtos destinados a nichos atinjam com facilidade seus consumidores potenciais. Nesta página, uma pequena mostra do fascinante mundo das invenções e soluções tecnológicas.
Fotos Yoshikazu Tsuno/AFP, The New York Times e divulgação
Internet na chuva |
Protetor solar O EB612, da Oregon, calcula o tempo que uma pessoa pode ficar exposta ao sol, com base em seu tipo de pele e no protetor solar que está sendo usado. Informa também os níveis de radiação ultravioleta, a mais perigosa para a pele. Custa 199 reais |
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Para quem sai do chão
O HangTimer é um cronômetro que mede com precisão de centésimos de segundo o tempo em que um atleta permanece fora do chão durante, por exemplo, um salto. Foi criado para quem pratica esportes como skate, esqui ou snowboarding, modalidades em que as piruetas no ar são freqüentes. O aparelho tem um sensor (um acelerômetro triaxial), semelhante ao mecanismo que aciona o airbag dos carros, que detecta movimentos como saltos e inclinações, que faz funcionar o cronômetro. Custa 99 dólares