Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, março 07, 2007

Painel

Painel - Depois daquela foto


Folha de S. Paulo
7/3/2007

Estão mais adiantadas do que sugerem as declarações de governadores e ministros as negociações para tirar do papel quatro pontos da pauta levada pelos Estados a Lula ontem. O subtexto de tanta boa vontade é que os governadores não criarão embaraços quando a proposta de prorrogação da CPMF, que tem de ser votada até setembro, aportar no Congresso.
Os quatro itens aos quais o ministro Guido Mantega praticamente deu sinal verde foram a isenção de PIS/Cofins para saneamento, a aplicação de recursos do Pasep em obras estaduais de infra-estrutura, a liberação da caução das dívidas estaduais e a desvinculação de receitas nos Estados nos moldes da DRU -que também será prorrogada, em contrapartida.

2014? Para quebrar o gelo, Lula abriu o encontro manifestando aos governadores a opinião de que o relacionamento com os Estados tem mais chance de prosperar agora do que tinha em 2003. "Eu sou carta fora do baralho", disse. "Isso me dá tranqüilidade para reunir vocês e discutir o pacto federativo."

Meu querido. Foi Lula quem tomou a iniciativa de sentar, acompanhado de Marisa, na mesa onde estava José Serra. Vendo o papo animado durante o almoço, um governador observou: "Parece que eles jogaram bola de gude na infância". A visita de George Bush amanhã a São Paulo e o álcool combustível foram discutidos na conversa.

Payback. Lembrado por um assessor de que George Bush visitará o Brasil num momento de crise de sua administração, Lula respondeu que, "por esse critério", deveria receber o presidente americano amanhã com "redobrada cortesia". Bush veio comer churrasco na Granja do Torto no final de 2005, quando os ecos do mensalão ainda castigavam Lula nas pesquisas.

Diferenças. Já Hugo Chávez foi objeto de uma leve estocada de Lula no encontro com os governadores. Ao concordar com a proposta de Luiz Henrique (PMDB-SC) de repetir a iniciativa a cada três meses, o presidente fez questão de dizer que o colega venezuelano, ao contrário dele, "não gosta de reunião".

Exterminador. Primeiro foi Aldo Rebelo, o "candidato de Lula" abandonado à própria sorte na eleição da Câmara. Agora Nelson Jobim, outro "favorito do presidente", é atropelado na disputa pelo comando do PMDB. Um petista que conhece a vida teme que a próxima seja Marta Suplicy.

Mordomo. Relutantes em aceitar a triste realidade de que Lula puxou-lhes o tapete, os peemedebistas ligados a José Sarney e Renan Calheiros elegeram Tarso Genro como vilão da derrota para Michel Temer. O ministro ligou para os dois senadores várias vezes ao longo do dia ontem, mas não foi atendido.

Embarque. Felizes com o desfecho antecipado da disputa peemedebista, deputados ligados a Anthony Garotinho agora trabalham para emplacar Luiz Paulo Conde no porto do Rio.

Em obras. Responsável pelo gerenciamento dos apartamentos funcionais da Câmara, José Carlos Machado (PFL-SE) demitiu o diretor de Habitação, Luiz Souza. O sucessor será o arquiteto Carlos Laranjeira, técnico da Casa.

O dorminhoco. José Carlos Machado ficou perplexo com o pleito de Átila Lins (PMDB-AM): o deputado quer interromper a reforma do edifício onde mora sob a alegação de que ela o impede de dormir depois do almoço.

Conselheiros. O conselho da Fundação Padre Anchieta, administradora da TV Cultura de SP, elegerá nesta segunda sete novos integrantes. Entre eles Eugenio Bucci, presidente da Radiobrás, e Matinas Suzuki Jr., diretor-geral da rede de jornais "Bom Dia".

Tiroteio

"Eles podem falar o que quiserem. Existem vários motivos pelos quais não se ganha uma eleição, mas o principal deles é falta de votos".
Do deputado EDUARDO CUNHA (RJ), apoiador de Michel Temer, sobre o fato de Nelson Jobim ter alegado "interferência do governo" a favor de seu adversário para desistir de concorrer à presidência do PMDB.

Contraponto

Se a moda pega

Um dos governadores mais falantes na reunião com Lula, o tucano Cássio Cunha Lima (PB) foi surpreendido ao final do encontro com um gracejo do presidente:
-Cássio, pergunte ao Aécio onde ele corta o cabelo dele porque você está precisando cortar o seu!
O paraibano, que durante os trabalhos havia mencionado as dificuldades financeiras de seu Estado, rebateu:
-É a crise, presidente, não deu tempo...
Antenado no papo, Aécio Neves pegou carona:
-A situação está tão grave, presidente, que eu já estou quase aderindo ao modelo dele.

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