Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, março 16, 2007

MINISTÉRIO SOBRENATURALpor Guilherme Fiuza




NoMìnimo

Há governo? Há, não resta dúvida. Desgoverno era com Sarney. Ali valia tudo e ao mesmo tempo não valia nada. Com Itamar também houve um período de acefalia, tipo cada um por si e Deus contra todos, até a chegada de Fernando Henrique.

Com Lula, não. O atual presidente chegou a se enfraquecer na época do mensalão, mas logo recuperou a força (a sociedade, não só o povão, lhe hipotecou crédito), e Lula começa o segundo mandato bem mais forte do que FH começou o seu (abatido pela desvalorização do real).

Mas se há mesmo governo – e há, ainda bem – a brincadeira agora é tentar descobrir onde ele está.

Especialistas de todas as correntes apontam na Previdência Social uma das grandes encruzilhadas do Estado moderno, não só no Brasil. Na América do Sul, o Chile fez a sua reforma previdenciária, gastando muitos bilhões de dólares para pagar o que o velho sistema prometia e não podia entregar. No mundo todo, estadistas e técnicos quebram a cabeça para sair do eldorado estatal de forma socialmente justa.

E no Brasil de 2007, quem o presidente Lula nomeia para essa tarefa transcendental? Carlos Lupi, expoente do simpático e folclórico PDT, uma espécie de museu do populismo latino do século passado.

É claro que Carlos Lupi, o novo ministro da Previdência, acha que está tudo bem com a Previdência. Ou melhor, ele promete acabar com as filas do INSS (alguém já ouviu isso aí antes?). Mas seu partido é aquele que acaba de trabalhar mais uma vez para barrar nova tentativa de reforma previdenciária no Senado. Reformar o que, se está tudo bem?

O PDT de Carlos Lupi é daquela corrente que diz que não existe rombo na Previdência. Nem se trata da velha discussão sobre as aposentadorias rurais do INSS. Não, Lupi acha que está tudo certo também com o prejuízo anual de 80 bilhões de reais das aposentadorias dos servidores públicos. Em time que está ganhando não se mexe.

Em outros tempos, uma nomeação irresponsável dessas faria o dólar disparar, a bolsa despencar e o mercado entrar em faniquito. Mas hoje, como tudo é festa, se Fernandinho Beira-Mar for escolhido ministro da Justiça é capaz da sociedade assimilar bem.

Enquanto isso, o ministro da Fazenda, o clown Guido Mantega (desculpe, Palhaço), declara que um pouco mais de inflação faria bem ao crescimento econômico. No dia seguinte cai em si e diz que não é bem isso, mas não faz a menor diferença, porque ninguém havia dado importância para a bobagem da véspera.

Assim está o Brasil. Há governo, só não se sabe onde ele está. Deus proteja Luiz Inácio da Silva.

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