Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, março 09, 2007

Eliane Cantanhede - Entre Lula e Bush, as ruas



Folha de S. Paulo
9/3/2007

SÃO PAULO - Lula e seu governo se esgoelam nos gabinetes de Brasília para descartar qualquer acusação de anti-americanismo enquanto as esquerdas, inclusive algumas tradicionais bases petistas, se esfalfam nas ruas do país para comprovar justamente o contrário.
Não deixa de ser curioso registrar que o governo do PT, "de esquerda", proporciona dois encontros presidenciais num só mês -o de hoje, em São Paulo, e o do próximo dia 31, em Washington. E que os dois lados não se cansam de dizer que "nunca antes" as relações entre Brasil e EUA estiveram tão boas.
Enquanto isso, as esquerdas que vão às vias de fato, se estapeando, apanhando, berrando o "fora Bush", estão menos identificadas com o governo Lula e mais com o de Hugo Chávez, na Venezuela.
Ruim para Lula? Não, muitíssimo ao contrário. Quanto mais Chávez chamar Bush de "el diablo" e quanto mais PSTU, MST e outros do gênero saírem por aí queimando bonecos de Bush, mais Lula se torna importante para o principal governo e maior mercado do mundo. O contraponto, o equilibrado, o confiável. Aquele com o qual vale a pena fazer acordos e parcerias. Até para "segurar" os tentáculos chavistas pela Argentina, pela Bolívia, pelo Equador. Por enquanto.
No memorando que os dois presidentes vão assinar hoje para desenvolver o álcool combustível, está prevista a cooperação bilateral em três áreas: difusão do produto e de sua tecnologia para terceiros países, pesquisa e tecnologia e normatização e padronização (necessários para transformar o álcool em commodity internacional).
Bush e seu governo não cederam na questão mais objetiva e crucial, a dos subsídios e taxas impostas ao álcool brasileiro, que está sendo empurrada para "fóruns mais apropriados". Mas o memorando é um bom acordo, digamos que um bom começo de conversa.

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