Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Fernando Rodrigues - 20 partidos e fisiologia



Folha de S. Paulo
7/2/2007

O Congresso voltou a funcionar para valer ontem. Estava parado desde meados de dezembro passado. Pouco menos de dois meses de inoperância completa. No plenário, há 20 partidos representados. É um recorde no período pós-1994, quando o país passou a ter regras (quase) estáveis.
Em 1995, havia 17 partidos com deputados no início da legislatura. Quatro anos depois, em 1999, o número pulou para 18. Quando Lula tomou posse pela primeira vez, em 2003, "apenas" 16 partidos tinham cadeiras na Câmara.
Agora, o recorde de 20 partidos representados dentro do Congresso aumenta o grau de dificuldade para o governo, qualquer governo, extrair algum tipo de consenso sobre projetos polêmicos.
Pior ainda: não há perspectiva de solução organizativa. Desde 1995, todos sonhavam com o ordenamento decorrente da cláusula de desempenho. Siglas nanicas poderiam existir, mas teriam regalias de acordo com a sua votação. Como o Supremo Tribunal Federal derrubou esse dispositivo, nada no horizonte indica maior clareza na divisão partidária nacional.
Mesmo que algo fosse votado agora -uma nova cláusula de desempenho-, teria de ser para valer daqui a uma ou duas legislaturas. Serviria para deputados e senadores que tomassem posse em 2015.
Até lá, só a fisiologia sustentará o Poder Executivo dentro do Congresso. Cargos e verbas do Orçamento. O ministro Tarso Genro pode falar em coalizão programática.
Os partidos vão apoiar em público. Os incautos acreditarão.
Mas eu estive ontem no plenário da Câmara. Eu ouvi o que diziam os deputados. Eles querem cargos.
Eles querem verbas.
Há exceções, claro. Mas apenas confirmam a regra. Lula terá de suar para arrancar a aprovação do PAC dessa turma.

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