Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Eliane Cantanhede - É ou não é?



Folha de S. Paulo
6/2/2007

O "to be or not to be antiamericano", por incrível que pareça, continua atualíssimo. E não apenas em mesa de bar.
Em dezembro, o futuro embaixador em Washington, Antônio Patriota, disse à Folha que as relações com os EUA tinham chegado a um "amadurecimento da relação, que significa respeito pela diferença de opinião e atenção às análises que não sejam coincidentes".
No último domingo, seu antecessor, Roberto Abdenur, declarou à revista "Veja" que a política externa brasileira é marcada por "um substrato ideológico vagamente anticapitalista, antiglobalização, antiamericano totalmente superado".
É nesse clima que o subsecretário de política dos EUA, Nicholas Burns, terceiro homem da hierarquia do Departamento de Estado, desembarca hoje no Brasil, acompanhado do secretário-adjunto para a região, Thomas Shannon. Ambos, porém, parecem não dar bola para o "to be or not to be" do Itamaraty, cuja principal excentricidade é sair dos editoriais dos jornais e revistas para virar bate-boca público, deflagrado com gosto pelo embaixador Rubens Barbosa, antecessor de Abdenur e de Patriota e maior crítico do suposto antiamericanismo do governo Lula.
Para Burns e Shannon, o que preocupa mesmo é a Venezuela, forte fornecedor de petróleo para os EUA e indo num célere processo de endurecimento político e de fechamento econômico rumo ao tal "socialismo do século 21". E a contaminação da América do Sul.
O fato é que Washington dá graças a Deus por Lula se mostrar "equilibrado", "simpático" e sempre manter boas relações com os EUA, inclusive comerciais. Lula pode até não ser o presidente dos sonhos americanos, mas certamente tem e terá papel fundamental para a estabilidade da região. O resto é semântica. Ou meras disputas políticas entre petistas e tucanos e de velhos concorrentes no Itamaraty.

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