Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Eliane Cantanhede - Hora do "fura-poço"




Folha de S. Paulo
13/2/2007

Passadas a vitória do petista Arlindo Chinaglia para a presidência da Câmara e a festa do PT em Salvador, chega a hora que Lula mais se esforça para evitar: a de distribuir as verbas do Orçamento e os cargos de governo.
Os aliados (do PMDB, particularmente) fizeram tudo bonitinho para eleger Chinaglia, e os petistas ameaçaram aproveitar a festa de aniversário do partido para empurrar Lula contra a parede, mas, como sempre, acabou todo mundo quietinho enquanto Lula comandava o espetáculo e falava o que bem entendia.
Essas coisas têm preço, e a moeda pode ser uma boa emenda para a região do aliado e um bom cargo para o próprio aliado ou para o aliado do aliado no Estado. Alguém, enfim, que vá para o governo fazer o jogo não exatamente do povo, do eleitor, do contribuinte, mas do padrinho.
E os ministérios, estatais, diretorias, tudo isso tem valor diferenciado. Uns "furam poço", outros são secos. Ou seja: uns dispõem de muitas verbas, outros são apenas simbólicos. Adivinha de qual a turma gosta mais?
Nem a saúde escapa, apesar daquela velha fantasia de 20 anos de que, com o PT no poder, tudo seria diferente, principalmente na educação, na saúde, nas áreas sensíveis e de interesse mais direto da maioria e dos excluídos. Mas nada mudou, e a saúde, hoje, como ontem, é um excelente "fura poço".
Há técnicos de bom currículo disputando o cargo, mas parece que esse não é o perfil idealizado pelos dois ramos peemedebistas, o "governista" e o "neogovernista", que se uniram para apoiar Lula no segundo mandato. Aparentemente, o ministro da Saúde não precisa ser craque na área, mas, sim, ágil no jogo do "fura-poço" -saber liberar verbas na medida para agradar correligionários e prefeitos amigos.
Pode-se atualizar "fura-poço" como "sanguessuga". No fundo, dá no mesmo. Só está mais popular.

Arquivo do blog