Entrevista:O Estado inteligente

sábado, fevereiro 10, 2007

Diogo Mainardi


Heil, Homer!

"Charles Murray diz que ninguém descobriu
uma maneira para aumentar o QI das pessoas.
O que Homer Simpson e eu podemos garantir
é que há uma maneira para diminuí-lo. O Brasil
é a melhor prova disso"

Homer Simpson está esgoelando seu filho Bart. A troco de nada, ele pergunta:

– Pode haver país pior do que o Brasil?

Bart responde imediatamente:

– Nenhum país é pior do que o Brasil.

Homer Simpson se satisfaz com a resposta e solta a garganta de Bart.

A cena ocorreu num dos últimos episódios de Os Simpsons. O seriado está em sua 18ª temporada. É melhor do que toda a cinematografia americana do período. Martin Scorsese? Tim Burton? Joel e Ethan Cohen? Ninguém é páreo para Os Simpsons. Quem afirmar o contrário merece ser esgoelado.

Homer Simpson entende de Brasil. Ele sabe que Gregory Peck se refugiou em Bertioga e espalhou entre nós cópias geneticamente perfeitas de Hitler. Conheço um monte delas. Homer Simpson sabe também que os brasileiros voltaram ao passado pelo túnel do tempo. Sérgio Buarque de Holanda? Paulo Prado? Gilberto Freyre? Ninguém entende tanto de Brasil quanto Homer Simpson. Heil, Homer!

Se todos os pais esgoelassem seus filhos e os obrigassem a repetir diariamente que nenhum país é pior do que o Brasil, já estariam cumprindo seu papel. Apesar de seus modos rudes, apesar de sua falta de cultura, Homer Simpson educa direitinho o pequeno Bart. Quero educar meus filhos desse mesmo jeito. O único ensinamento que posso lhes dar sem medo de me arrepender é que nenhum lugar é pior do que este. O que a escola ensinará a eles é bem mais incerto. Os pedagogos petistas decidiram distribuir aos alunos uma cartilha ensinando a usar camisinha. A prática é descrita nos seguintes termos: "O pirata de barba negra e de um olho só encontra o capuz emborrachado". A pedagogia petista está mais para Beavis e Butthead do que para Homer Simpson. Se é assim, sugiro recorrer diretamente ao professor Edélsio Tavares, o mestre da imagem elegante: "A cobra caolha encapuzada que se aninha junto ao bolso esquerdo dos homens".

A escola nunca me ensinou a encapuzar o pirata de barba negra ou a cobra caolha. Aprendi fora da escola. Pensando bem, tudo o que eu aprendi – de útil ou de inútil –, aprendi fora da escola, em geral sendo esgoelado por meus pais. Quem argumentou que a gente perde tempo demais na escola foi Charles Murray, aquele da Curva do Sino. Num artigo recente, ele afirmou que 50% dos alunos possuem um QI menor do que 100. Isso significa que, por mais que se empenhem, jamais conseguirão aprender a ler um período mais elaborado, simplesmente porque lhes falta inteligência. Em vez de ensiná-los a ser maus médicos e maus engenheiros, portanto, é melhor ensiná-los a ser bons marceneiros e bons encanadores.

Pelos cálculos de Charles Murray, o ensino superior só faz sentido para quem tem um QI superior a 115. Isso corresponde a 15% do total de alunos. O resto de nós pode se arranjar perfeitamente sem se sacrificar na escola. Charles Murray diz que ninguém descobriu uma maneira para aumentar o QI das pessoas. O que Homer Simpson e eu podemos garantir é que há uma maneira para diminuí-lo. O Brasil é a melhor prova disso.

Arquivo do blog