Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, novembro 20, 2006

Painel - Linha direta

Painel - Linha direta


Folha de S. Paulo
20/11/2006

O PT busca uma fórmula para "absorver" um novo ator político: o grande contingente de beneficiários de programas sociais do governo Lula, não vinculados a movimentos sociais nem a sindicatos, ambos historicamente ligados ao partido. "Temos a preocupação de encontrar meios de nos relacionar com essa massa da população que passou a se sentir contemplada", afirma a líder petista no Senado, Ideli Salvatti (SC).
Em vários pontos do país, já existem associações e cooperativas que, de forma embrionária, estão reunindo a clientela de programas como Bolsa Família, ProUni e Luz para Todos. É por meio delas que o PT espera integrar esses grupos, que, acredita, terão importância na construção de um projeto para 2010, quando o nome de Lula não estiver mais na cédula.

Recaída
Quem esteve com Lula na quinta e na sexta notou que o presidente, depois de um encontro com o PT e outro com o PMDB, voltou a manifestar sinais de impaciência com a articulação política, tarefa à qual havia prometido se dedicar pessoalmente no segundo mandato. Onde pega. Um tucano graúdo que assiste de camarote ao vaivém de Lula com o PMDB aposta que, acima de tudo, é a presidência da Câmara que está travando a negociação. Se Lula fizer questão, conseguirá manter Aldo Rebelo (PC do B-SP) na cadeira. Mas vai custar muito caro. 13. Correligionários pró-Lula apelidaram Michel Temer de "Zagallo do PMDB", devido à sua anunciada intenção de permanecer na presidência do partido até o final do mandato, no melhor estilo "vocês vão ter que me engolir". Cobras... Quando se queixaram de José Dirceu para Lula, os peemedebistas sabiam do que falavam. Ontem, em seu blog, o ex-ministro estocou o PMDB por "querer tudo". "Parece até que elegeu o presidente da República e tem maioria no Congresso." ...e lagartos. Sobrou também para o presidente da Câmara. "Vamos lembrar que Aldo Rebelo foi uma solução de compromisso num momento especial", escreveu o deputado cassado, que incita o PT a lutar pelo posto.
Cristais. Chegaram aos ouvidos de Jorge Gerdau as restrições de gente graúda do sistema financeiro à eventual ida do empresário para a Fazenda. Como esse cenário parecia improvável, e dado que nenhum outro cargo no governo lhe interessa, Gerdau optou por sair da história com elegância, declarando-se "à disposição" de Lula para tudo, menos ser ministro. Vento a favor. Um auxiliar próximo de Lula afirma que a retirada dos investimentos em saneamento e infra-estrutura do cálculo do superávit primário, tantas vezes discutida, vai emplacar no pacote de medidas a ser anunciado pelo presidente. Posteridade. Lula sugeriu ao governador eleito do DF, José Roberto Arruda (PFL), a instalação de um "andar dos presidentes" no novo Museu Nacional de Brasília, em fase final de construção. A ala reuniria a memorabilia do petista e dos antecessores, hoje dispersa em acervos pessoais. Aceno. A pedido de Lula, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, chamará o senador e ex-vice-presidente Marco Maciel (PFL-PE) para discutir a reforma política. Bandeira. O PFL quer cavar espaço na área social do governo José Serra. O partido raciocina que, para voltar a crescer, precisa fincar pé no Sul e no Sudeste. Sem chance. O presidente da Assembléia paulista, Rodrigo Garcia (PFL), movimentou-se para ocupar uma pasta no governo Serra. Agricultura de preferência. Mas não vai rolar. O tucano não quer. Gilberto Kassab idem.

Tiroteio

Se o presidente não sinalizar na montagem do ministério e nos seus discursos uma mudança de rumo, a tensão com os movimentos sociais será inevitável já no início do ano que vem.
De GUSTAVO PETTA , presidente da União Nacional dos Estudantes, sobre as perspectivas para o segundo mandato de Lula.

Contraponto

Astro da casa
Lula decidiu encerrar sua campanha na Capela do Socorro, bairro da periferia sul de São Paulo onde os irmãos Tatto -Jilmar, deputado federal eleito, Enio, estadual, e Arselino, vereador- têm grande influência.
À espera do presidente, Arselino discursava empolgado quando o público ouviu uma saraivada de fogos. A equipe de apoio começou a se movimentar, enquanto petistas no palanque tentavam identificar por qual rua Lula chegaria.
O vereador Paulo Fiorilo, presidente do PT paulistano, já seguia na direção de Arselino para anunciar a presença do presidente quando foi alertado por um assessor:
-Fica tranqüilo. Os fogos aí são pro Tatto mesmo.

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